segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sindicato defende mudança da Embrapa para autarquia



Autor(es): Tarso Veloso  
Valor Econômico      -     17/10/2011





Brasília - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está em uma queda de braço com o sindicato que representa os trabalhadores da estatal, o Sinpaf. O impasse começou após a divulgação de um estudo independente feito por funcionários da Embrapa que sugere transformar a empresa pública em autarquia especial. O sindicato apoia a mudança, que daria mais benefícios aos trabalhadores, mas a Embrapa é contra por entender que prejudicaria suas atividades, principalmente a cooperação internacional.

O documento foi produzido em junho deste ano por um grupo de trabalhadores da empresa, no desenvolvimento do programa de inovação canteiro de ideias, e mostra possíveis vantagens políticas e benefícios gerais aos trabalhadores na alteração da estrutura jurídica da Embrapa para autarquia especial.

O sindicato, assim que descobriu o projeto, transformou-o em agenda prioritária nas suas demandas. Os principais argumentos para apoiar a mudança são a possibilidade de obtenção de orçamento próprio para o desenvolvimento de pesquisa agropecuária e a reestruturação de carreiras dos funcionários.

"A mudança de regime só tem benefícios para a Embrapa. Além da economia de recursos da ordem de R$ 5,65 bilhões para o erário, vai levar a Embrapa para mais perto do governo federal", diz o presidente do sindicato, Vicente Almeida. O sindicato defende que as discussões deveriam contar com a participação dos trabalhadores.

Na terça-feira, houve um encontro no Ministério da Agricultura entre o presidente do Sinpaf e o secretário-executivo do Ministério, José Carlos Vaz. A reunião durou quase duas horas e Almeida deu ênfase ao acordo coletivo e ao plano de cargos dos empregados. "Ele pareceu interessado em tudo, sobretudo pela proposta de ter alguém de fora da Embrapa na Assessoria Jurídica e em fortalecer o papel fiscalizador do Conselho de Administração", diz Almeida. O sindicato fará um seminário com representantes dos trabalhadores e de juristas, em 7 de novembro, para discutir as mudanças, segundo com o presidente do Sinpaf.

A discussão sobre a mudança de regime começou em 2008 e não foi para a frente, segundo a diretora-executiva de Administração e Finanças da Embrapa, Vania Beatriz. "Aquela época, encomendamos um estudo com essa hipótese para descobrir como a Embrapa poderia ganhar mais eficiência e agilidade. A maioria dos atrasos eram recorrentes da lei de licitações. Por fim, chegamos à conclusão que mudar a personalidade jurídica não daria mais agilidade", diz Vania.

O presidente do Sinpaf diz que o estudo é fraco. "O documento divulgado pela Embrapa é inconsistente e foi elaborado de forma superficial e unilateral, sem sequer consultar o sindicato - legítimo representante de seus trabalhadores", diz Almeida.

Outra implicação na mudança do regime seria o afastamento do Ministério da Agricultura, algo vetado por Vania. "A Embrapa é uma empresa da agricultura e está no local certo. Quando você olha o que fazemos e o que temos que fazer, sem olhar interesses, vê-se que o melhor é continuar no mesmo rumo". Os pedidos para a mudança de regime vêm dos funcionários, diz Vania. "Os empregados querem que vire autarquia e não temos nenhum pedido para mudar a personalidade jurídica. Qualquer reestruturação teria que vir do executivo", afirma.



Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra

Postagem Relacionadas