MARCO AURÉLIO REIS
O DIA - 30/12/2011
Proposta de reajuste nas Forças Armadas prevê recuperação
inflacionária e ganho real
Rio - O plano de reajuste dos soldos militares em análise
pela presidenta Dilma Rousseff prevê parcelamento dos ganhos por três anos. A
informação que circula na cúpula militar é que está em discussão a adoção de
nova política para os vencimentos. A proposta é recuperar perdas provocadas
pela inflação (em torno de 9% desde o último aumento, em julho de 2010) e
permitir ganho real de modo a equiparar a remuneração dos militares com as de
servidores civis da administração direta, especificamente com a paga nas
polícias Federal e Rodoviária.
Ao comparar salários, percebe-se o hiato entre as carreiras.
Um tenente das Forças Armadas, por exemplo, recebe R$ 7,3 mil por mês, pouco
menos da metade dos R$ 13,3 mil pagos a um delegado iniciante da Polícia Federal.
Conforme a Coluna Força Militar de O DIA antecipou com
exclusividade em 25 de novembro, partiu dos Comandos das Forças a proposta com
a nova política de remuneração. Esse documento aponta que os soldos pagos a
oficiais e praças deverão oferecer condições de assegurar a atração e a
retenção de profissionais qualificados, como um “fator para a permanência no
serviço ativo.”
O documento orienta que a remuneração deve inserir e manter
o militar em nível socioeconômico correspondente ao dos demais servidores da
alta administração. E defende a equiparação “não só pela valorização do
militar, mas pela necessidade do trabalho conjunto com esses profissionais”.
Revisão salarial a cada três anos
A proposta dos Comandos Militares prevê ainda que os soldos
sejam revistos a cada três anos, de modo a impedir o surgimento de novo hiato
salarial entre as Forças e as carreiras da Administração Federal. A preocupação
é estancar a evasão de militares dos quartéis, grande parte pedindo baixa para
assumir posto civil mais bem pago.
A iniciativa em estudo estabelece premiação a militares hoje
empenhados em missões de pacificação. A intenção é que quem desempenha
atividades complexas em localidades “inóspitas” que ponham em risco a vida e a
saúde possa receber adicionais.
O documento fala em “aperfeiçoar a compensação financeira”
aos militares empregados nessas atividades especiais, que implicam, inclusive,
“desgaste psicológico”.