G1 - 13/12/2011
Projeto que pode ser votado esta semana prevê reajuste de
10%, em média, para os funcionários da Câmara. O aumento pode chegar a 49%.
Em Brasília, tem aumento de salário de até 49% para os
servidores da Câmara. O clima anda sombrio na economia europeia. No Brasil, o
PIB do último trimestre foi zero, mas na Câmara dos Deputados decididamente o
clima é outro. É clima de Natal total, com um pacotão de bondades que deve
custar quase R$ 400 milhões.
O clima de Natal não está só na decoração. A expectativa na
Câmara é de um fim de ano com boas notícias para o bolso dos servidores. “É a
esperança. Dizem que a esperança é a última que morre”, comenta um senhor.
Um projeto que pode ser votado esta semana prevê reajuste de
10%, em média, para os funcionários da Câmara. O aumento pode chegar a 49% para
alguns servidores. Outra proposta é aumentar a verba de gabinete, que os deputados
usam para contratar funcionários sem concurso. Hoje são R$ 60 mil. O novo valor
ainda está sendo discutido.
No pacote de Natal, a Câmara também pode criar, pelo menos,
60 cargos para atender ao PSD, partido criado há dois meses. Se as três
propostas forem aprovadas, o gasto extra vai ser de R$ 386 milhões por ano. O
aumento de salário dos servidores não está previsto no orçamento da União do
ano que vem, mas a Câmara diz que tem como pagar o reajuste.
A proposta é mudar a regra, que até agora vinculava o
salário dos funcionários ao dos deputados. Sempre que os parlamentares tinham
aumento, os servidores também recebiam. O primeiro-secretário da Câmara,
deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), diz que assim as despesas devem cair.
“A Câmara precisa enfrentar de maneira muito clara e
transparente suas demandas para que o funcionário tenha um salário justo e para
que a Câmara não fique fugindo dos assuntos e criando uma série de passivos que
posteriormente possam vir a ser discutidos pela Justiça e que a Câmara venha
gastar mais dinheiro ainda”, afirmou o primeiro-secretário da Câmara, deputado
Eduardo Gomes.
José Carlos de Oliveira, professor de finanças públicas da
Universidade de Brasília (UnB), não concorda. Diz que, em momentos de crise
mundial, é preciso avaliar cada gasto. “O recurso sai de quê? Sai do meu
pagamento de imposto ou do aumento da dívida pública. Depois da dívida pública,
isso vai se transformar em tributos para nós pagarmos. A sociedade como um todo
paga por isso”, avalia o professor.
O projeto precisa ser aprovado no plenário da Câmara. A
presidente Dilma Rousseff pode não concordar com as bondades natalinas e pode
vetar tudo.