ALESSANDRA HORTO
O DIA 11/12/2011
Justiça mantém compulsória aos 70 anos. Professores defendem
permanência maior
Rio - Aos 70 anos de idade, o professor titular da
Universidade Federal do Rio de Janeiro Ronaldo Lima Lins ainda se lembra da
primeira vez que deu aula na Faculdade de Letras da UFRJ. Para ele, a troca de
experiência com os alunos não tem preço e, muito menos, prazo de validade.
“A remuneração é o que menos importa nesse momento. Dar
aulas é algo que motiva a minha vida”, conta ele, aposentado desde o início
deste semestre, e que aguarda enquadramento como professor emérito.
Ronaldo defende que em algumas carreiras do serviço público
federal, como magistério e magistratura, poderia postergada a aposentaria
obrigatória. “É nessa etapa da vida que temos condições de passar a nossa
experiência de uma forma mais madura”, defende o docente.
A discussão sobre o tema ganhou novo capítulo na semana
passada, quando o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar suspendendo a lei
aprovada na Assembleia Legislativa do Piauí, que elevou de 70 para 75 anos, a
idade para a aposentadoria compulsória dos juízes estaduais e dos demais
servidores públicos do estado. A liminar saiu em decisão unânime.
Para o advogado previdenciário André Viz, a aposentadoria
compulsória não é uma prática discriminatória ao idoso, mas sim uma proteção
para que ele possa usufruir, com dignidade, o período pós aposentadoria:
“Acompanho muitos servidores que após o advento da compulsória seguem
trabalhando como consultores ou empresários.
Outros passaram a se dedicar a atividades que lhes são
aprazíveis e de livre escolha, utilizando a experiência que acumularam ao longo
dos anos. E alguns ainda que simplesmente optaram pelo lazer e a dedicação à
família”.
ALÉM DAS AULAS, LIVROS
O professor Ronaldo Lima Lins não dá sinais que deseja
parar. Amanhã lança o seu livro “Crítica da Moral Cansada”, da Editora UFRJ. O
evento será às 19h na Blooks Livraria, dentro do Arteplex, na Praia de
Botafogo, 316. Seu último livro (de poesias) chama-se “Mais do que a areia
menos do que a pedra” (Editora 7 Letras). No início de junho, os alunos da
Faculdade de Letras da UFRJ organizaram evento de dois dias em homenagem ao
professor pelos seus 70 anos. O estudante João Guilherme Siqueira, 22,
participou da programação. “Estamos lutando pela hemerência do professor
Ronaldo, que é merecedor de todos os títulos que a instituição possa conceder.
Foi uma honra ser aluno dele”, contou.