Bruno Dutra
O DIA - 28/04/2013
Rio é o segundo estado do Brasil com maior número de casos.
Peritos trabalham com medo de agressões e recebem até ameaças de morte
Rio - São quase cinco
mil médicos peritos em todo o Brasil e a sensação de medo e insegurança se
espalha pelas agências do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) —
local de trabalho destes profissionais que detém uma importante decisão:
avaliar se os segurados afastados estão aptos a retornar à atividade ou
precisarão se aposentar.
Proporcionalmente o Rio é o segundo estado com maior número
de casos de violência contra peritos do INSS, atrás apenas de Minas Gerais.
Salvador Moreno, perito há 30 anos e há sete nas agências de Duque de Caxias e
São João de Meriti, na Baixada Fluminense, conta que a violência é grande
nessas cidades. “São muitas as histórias de violência e, inclusive eu, já fui
agredido. Durante uma perícia, o segurado que alegava ter problemas na coluna
pegou o monitor de um computador que estava sobre a minha mesa e me atacou”,
lembra.
Em Belford Roxo também na Baixada, os segurados precisam
procurar municípios próximos para passarem pela perícia porque o único posto da
cidade precisou ser fechado devido à violência da cidade e a intensa atividade
de tráfico de drogas próximo à agência — motivo de medo para os profissionais
que lá trabalhavam.
Durante o Congresso da categoria em Recife, no Nordeste do
País, se espalham as histórias de insultos verbais, ameaças e até violência
física, além de casos históricos de assassinato de médicos peritos que realçam
ainda mais o medo dos profissionais que estão na ativa. Este é o caso de Aline
Sanda Freire, perita em uma agência do INSS em Natal.
“Já tentaram me agredir quando chegava de carro no trabalho.
Um senhor que teve o benefício negado me esperava no estacionamento e só não
apanhei porque não desci do veículo, mas ele estragou o meu carro”, conta. Além
da tentativa de agressão a perita foi ameaçada de morte.
“Um segurado descobriu meu número de telefone e me ameaçou
de morte enviando mensagens de texto. Com medo, fui à polícia e consegui
resolver o problema”, contou.
Com tantos casos, INSS estuda apoio para vítimas
No primeiro levantamento feito em 2006 pela Associação
Nacional de Médicos Peritos (ANMP), foram registrados 495 casos de agressão
física ou verbal — número que representou 90% dos médicos, na ocasião, 531 em
todo o país.
Já nos últimos três anos a entidade registrou cerca de 50
casos, mas vale ressaltar que são os números que foram notificados à Associação.
2006 e 2007, foram anos emblemáticos para a categoria, nos quais foram
registrados dois assassinatos de peritos do INSS — casos que revoltaram os
profissionais em todo o país. De acordo com a ANMP, a impunidade é grande para
os casos de agressão e a entidade conhece apenas três casos de punição para os
agressores. Dois em Natal, no Nordeste do País e outro no Sul. Ambos por
agressão.
Segundo a ANMP, casos de violência são diários e se espelham
por todas as regiões do Brasil. Jarbas Simas, presidente da entidade, destaca
que a agressão contra os peritos cresce no País porque não existe nenhuma
política de repressão e de segurança voltada ao médico servidor. “Ameaças de
morte e violência física contra os médicos dentro do INSS são situações
cotidianas e os casos aumentam porque a impunidade é certeza para o segurado
que comete a violência”, destaca.
Cerca de 20% dos peritos já adoeceram devido às condições de
trabalho, além das constante agressões que sofrem nos postos do INSS. Segundo a
entidade representativa, os segurados cometem a agressão porque não concordam
com os resultados periciais. Por sua vez, o INSS estuda criar uma divisão de
apoio ao médico perito nos próximos anos.
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