Vera Batista
Correio Braziliense
- 29/10/2013
Funcionalismo quer repor as perdas salariais dos últimos 10
anos. Pleitos das categorias por reajuste vão de 60% a 78%
De folga ontem, os funcionários públicos aproveitaram o dia
do servidor para se articularem por novas reivindicações. Quase todas as categorias
que assinaram o acordo com o governo de reajuste linear de 15,8%, dividido em
três anos (entre 2013 e 2015), estão insatisfeitas e não descartam uma nova
greve geral em 2014, mais intensa que a do ano passado. Os pedidos de aumentos
salariais chegam a 78%. O argumento, dizem as lideranças sindicais, é corrigir
perdas inflacionárias acumuladas nos últimos 10 anos.
Os principais pleitos dos servidores federais já estão nas
mãos da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, que tenta evitar a perda
de cerca de 1,1 milhão de importantes votos em fase de campanha eleitoral. As
ordens do Planalto, porém, são de restrições totais à expansão da folha de
pagamentos, estimada em R$ 165 bilhões — entre ativos, aposentados e
pensionistas — para 2014.
No entender de Eduardo Velho, economista-chefe da INVX
Global Partners, contudo, os aumentos reais superiores a 3% estão descartados.
A principal justificativa, explica ele, é que o Executivo, até agosto,
apresentou um superavit primário (economia para pagar os juros da dívida)
consolidado de apenas R$ 54 bilhões. A meta para o ano é de 2,3% do Produto
Interno Bruto (PIB) ou cerca de R$ 110,9 bilhões. “O governo terá de fazer em
quatro meses o que não fez em oito. Além disso, não há previsão de receitas extraordinárias
e o Brasil ainda corre o risco de rabaixamento do rating (nota soberana). Não
dá para brincar”, assinalou Velho.
Josemilton Costa, secretário-geral da Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) — que representa mais de 80%
do funcionários do Executivo —, ontem, dia do servidor, não teve o que
celebrar. “Não temos ganhos reais desde 2003”, destacou. A entidade ressalta
que o pedido de reajuste de 78% se volta, sobretudo, a 17 categorias do Plano
Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE), da Previdência, da Saúde, do
Trabalho e da Advocacia-Geral da União.
Trata-se de uma equiparação para servidores dos níveis médio
e elementar, porque, segundo a Condsef, em 2010, o governo melhorou só os
salários de cinco categorias de nível superior: geólogo, engenheiro, arquiteto,
estatístico e economista. O Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério
Público da União (SinaseMPU), por sua vez, garantiu que não abre mão de, pelo
menos, 60%.
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