Correio Braziliense
- 09/06/2015
No dia em que o governo lança o pacote de infraestrutura,
com previsão de investimentos de R$ 190
bilhões, os servidores das carreiras típicas de Estado se reúnem, a portas
fechadas, para alinhavar armadilhas que podem jogar por terra os programas de
incentivo à inciativa privada. O Fórum Nacional Permanente das Carreiras
Típicas de Estado (Fonacate) representa 27 entidades federais, estaduais e
municipais de especialistas nas áreas de planejamento, orçamento, arrecadação,
fiscalização, controle e segurança, com atividades específicas e poderes para “movimenter
ou paralisar a gestão pública“. Lideranças do Fonacate debatem, esta tarde, as
estratégias de enfrentamento e não descartam paralisação conjunta por tempo
indeterminado.
“Conhecendo a máquina pública por dentro, é o tipo de
movimento que, se eu estivesse no governo, não gostaria de enfrentar. Esses
sinais de insatisfação emitidos pelos servidores que fazem a economia andar
devem sim preocupar o Executivo”, analisou José Matias-Pereira, especialista em
finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB). Técnicos ligados ao
governo, no entanto, declararam que as ameaças do funcionalismo produzem mais
barulho que efeito prático ao caixa do governo.
Rudinei Marques, secretário-geral do Fórum, explica que,
caso não haja contraproposta à pauta unificada da Campanha Salarial 2015, os
impactos da indignação dos servidores nos cofres da União serão difíceis de
avaliar. “Uma paralisação na Controladoria-Geral da União (CGU) ou no Tesouro,
por exemplo, impedirá o dinheiro de circular, até mesmo a verba que vai para
estados e municípios. Tentaremos evitar uma situação limite. Mas a tática de
protelar as negociações é perversa”, reiterou. Além disso, após o ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, declarar que o reajuste de 27,3% pedido pelos
servidores é inviável, sem apontar um percentual, o temor é de que o governo dê
mais uma “pedalada” em 2016.