Correio Braziliense
- 25/08/2015
Na reta final para definir o reajuste salarial dos
servidores, o governo adiou o encontro em que deveria, ontem, apresentar uma
contraproposta às lideranças sindicais. O anexo V da lei orçamentária para
2016, que define as despesas com pessoal, deve ser fechado até 31 de agosto. Os
trabalhadores temem uma reedição da “armadilha de 2012″, quando as negociações
foram empurradas com a barriga e, ao fim, foi imposto ao funcionalismo um
índice linear de 15,8%, em três parcelas.
Na análise de Rudinei Marques, presidente do Sindicato
Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical), há
três interpretações possíveis para a conduta do governo: o Planejamento
reapresentará a proposta inicial de reajuste de 21,3% em quatro vezes (5,5% em
2016, 5% em 2017, 4,75% em 2018, e 4,5% em 2019); manterá os prazos, com
incremento de até 1% em cada parcela; ou reduzirá o período para dois anos, com
percentuais próximos aos iniciais. “Nenhuma das opções nos agrada”, disse.
Para Daro Piffer, presidente do Sindicato Nacional dos
Funcionários do Banco Central (BC), a estratégia do governo, de criar uma
situação de “pegar ou largar”, é perigosa. “A princípio, a sensação é de
vitória. Depois, o custo político é alto. O desânimo dos servidores se
transforma em revolta”, alertou. O Planejamento informou que a junta
orçamentária se reuniu no fim de semana. “O governo está se movimentando, mas
ainda não há uma decisão”, disse um porta-voz.