BSPF - 08/10/2015
Representantes de órgãos governamentais apresentaram nesta
terça-feira (6) na Câmara dos Deputados dados comprovando os benefícios do
trabalho à distância em algumas atividades do setor público.
A Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público
discutiu em audiência pública o Projeto de Lei 2723/15, do deputado Daniel
Vilela (PMDB-GO), que regulamenta a modalidade de trabalho remoto - conhecida
também por teletrabalho ou home office – no serviço público, em funções que não
lidam com o público externo e nas quais seja possível adotar sistemas de
produção mensuráveis e mecanismos de controle.
Projetos em prática
O diretor de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil, Carlos
Alberto Araújo Netto, relatou a experiência do banco - que começou este ano no
setor de tecnologia e será ampliada no próximo ano para outras áreas - e
apontou um ganho de 38% em produtividade. “Modernidade é antecipar tendências.
E o home office é uma tendência que veio para ficar. Ganhamos não só em
produtividade, mas também na satisfação pessoal dos nossos colaboradores”,
afirmou Netto.
O diretor relatou que mais de 100 servidores do BB aderiram ao
programa. “Temos uma servidora em São Paulo que gastava quase quatro horas por
dia para ir e voltar do trabalho e hoje produz muito mais trabalhando em casa,
ganhando para si esse tempo todo que perdia com deslocamento”.
O Tribunal de Contas da União (TCU) adotou desde 2012 um
programa de escritório remoto, do qual participam hoje 486 servidores, de um
total de 2,7 mil. Segundo o secretário de Gestão de Pessoas do TCU, Adriano
Cesar Amorim, pesquisa interna realizada neste ano mostrou que 34% dos servidores
afirmam que o maior benefício é a flexibilidade e a autonomia, enquanto 26%
dizem que é o aumento da produtividade. A pesquisa apontou uma satisfação geral
com o programa de quase 80% e, questionados sobre qual a maior dificuldade que
enfrentaram, 46% apontaram que não tiveram nenhuma.
Critérios
Um dos pioneiros no teletrabalho, o Sistema Federal de
Processamento de Dados (Serpro) iniciou o processo de implantação do trabalho
remoto em 2005 e conta atualmente com 104 servidores atuando nesta modalidade.
“Colocamos uma série de critérios, como privilegiar quem pode reservar um
cômodo da casa somente para o home office. Também agendamos reuniões e
atividades frequentes na nossa sede para que os servidores não se desliguem da
cultura do Serpro”, contou Giovanna Maria de Aguiar, gerente do Departamento de
Gestão Estratégica do Serpro.
O deputado Daniel Vilela destacou que o home office é
tendência mundial, tanto na iniciativa privada - que está mais avançada na
adoção do trabalho a distância - quanto no serviço público. No entanto, a
legislação trabalhista brasileira pode dificultar a expansão do modelo. “Temos
de encontrar meios de conciliar as questões trabalhistas com essa nova
modalidade de trabalho. Não podemos engessar nossas regras e perder a oportunidade
de ganhar em produtividade, qualidade de vida para os servidores e
sustentabilidade, já que há uma redução no volume de carros no trânsito. Além
disso, o teletrabalho gera também economia para os órgãos públicos - com
aluguéis, por exemplo -, que é algo que toda gestão deve buscar
constantemente”, afirmou Vilela.
Todos os convidados destacaram que o home office trouxe como
benefício extra o ganho em modernização nos órgãos, devido à necessidade de
adaptar e modernizar os sistemas e as ferramentas de trabalho. “Trabalho remoto
é sinônimo de tecnologia e neste aspecto ganham todos”, afirmou Joselma
Oliveira Goulart, diretora para Assuntos Governamentais da Sociedade Brasileira
de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) e autora do livro “Teletrabalho - Alternativa
de Trabalho Flexível”. “Não fomos educados num paradigma de trabalho a
distância, nossa cultura ainda é presencial, mas isto está claramente mudando”,
completou Joselma.
Adesão voluntária
Todos os convidados para a audiência pública frisaram que a
adesão ao programa é voluntária e o comando dos órgãos em que atuam pode
desligar imediatamente o funcionário do programa caso este não apresente o
desempenho desejado, assim como o colaborador pode a qualquer momento requerer
seu desligamento do programa.
Fonte: Agência Câmara Notícias