Valor Econômico
- 28/04/2016
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira que os projetos que aumentam o salário de
várias categorias, em especial o dos servidores do Judiciário, só terão o
mérito votado após o Senado Federal votar o impeachment da presidente Dilma
Rousseff por causa da provável troca de governo.
“O compromisso que os líderes tiveram foi de votar a
urgência agora. O mérito será só depois”, disse. Há preocupação com o impacto
dos aumentos no Orçamento, que teve uma queda drástica de receitas depois de
aprovado no fim do ano. Apenas os servidores do Judiciário elevarão os gastos
em R$ 1,1 bilhão em 2016 – os funcionários de outros seis órgãos pressionam
para serem incluídos no pacote.
Acusado por petistas e aliados de "ladrão",
"gangster" e "corrupto" em plenário, Cunha rebateu que é
atacado por “parlamentares membros de uma organização criminosa que é o PT,
está aí em inquéritos policiais”. “É como o punguista que bate a carteira e
grita pega ladrão”, afirmou. “O que está havendo é o desespero de quem vai
perder suas boquinhas no governo”, disse.
O pemedebista negou ainda que será beneficiado pela escolha
do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para a Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ), que julgará os recursos que ele apresentar sobre decisões do Conselho de
Ética – já existem dois no colegiado que praticamente anulam todos os atos do
conselho até agora.
O grupo de Cunha pressionou para que o líder do PMDB,
Leonardo Picciani (RJ), desistisse de indicar o deputado Rodrigo Pacheco (MG),
que o apoiou na reeleição para a liderança, para presidir a CCJ e escolhesse
Serraglio. “Toda bancada do PMDB é minha aliada política. O gesto de indicação
do deputado Serraglio está sendo certamente pela unidade da bancada”, disse.
Serraglio, lembrou Cunha, é professor de Direito e foi
relator da CPI dos Correios, que investigou o mensalão no primeiro governo
Lula. “É um dos melhores quadros da Câmara. Muitos dos condenados só o foram
por causa do trabalho dele”, disse.