Correio Braziliense
- 25/09/2016
Servidores sem aumento prometem manifestações e greves
O governo decidiu frear de vez os reajustes aos servidores
federais que ainda tramitam no Congresso. Com isso, acabou deflagrando uma
"guerra" de salários, com algumas categorias tendo os aumentos
aprovados e outras, não. Agora, servidores de áreas com grande poder de pressão
cobram o compromisso assumido por Michel Temer: de honrar os reajustes negociados
ainda na gestão Dilma Rousseff.
Para alguns servidores, o salário de início de carreira
subirá para patamares entre R$ 19,21 mil e R$ 21,64 mil no ano que vem. A
situação coloca o presidente em uma encruzilhada, porque ficou mais difícil
justificar para a população novos aumentos, enquanto as contas públicas
acumulam rombos sucessivos e o governo cobra medidas de ajuste fiscal.
Lideranças políticas da base governista, entre elas do PSDB,
também adotaram a bandeira contrária aos reajustes e passaram a pressionar
Michel Temer. O problema é que o presidente já sancionou 10 leis que
beneficiaram dezenas de carreiras, e aquelas que ainda aguardam a votação dos
aumentos no Congresso não aceitam o recuo. Em reação, prometem endurecer e
ameaçam com manifestações e greves.
Dados do Ministério do Planejamento, responsável pela gestão
da folha de pagamentos de cerca de 1.300 carreiras de servidores da União,
mostram que os projetos pendentes teriam um impacto de R$ 7,2 bilhões em 2017.
Os aumentos já aprovados, porém, resultarão em gastos adicionais de R$ 11,5
bilhões no ano que vem. A folha vai crescer R$ 23,4 bilhões em 2017, mas parte
desse dinheiro pode ser economizado - se os projetos forem congelados - e usado
para reduzir o deficit.
Entre as carreiras que ainda não tiveram aumento, estão a
dos ministros do Supremo Tribunal Federal, cujo salário subiria de R$ 33.763,00
para R$ 39.293,38 mensais, e delegados da Polícia Federal, cuja remuneração
ficaria entre R$ 21,64 mil e R$ 28,26 mil após o reajuste. No caso da Receita
Federal, os salários passarão a patamares entre R$ 19,21 mil e R$ 24,94 mil,
fora o bônus de produtividade, que pode chegar a R$ 7 mil mensais. Diplomatas,
por exemplo, ainda nem tiveram o projeto de lei encaminhado ao Congresso.