Estado de Minas - 19/09/2016
Brasília - A nova disposição do governo federal em suspender
o apoio à aprovação das propostas de reajustes salariais de servidores públicos
que tramitam no Congresso Nacional deve esquentar a semana em Brasília, com
diversas categorias se preparando para endurecer os movimentos grevistas
iniciados nos últimos meses.
Na última sexta-feira, 16, o Broadcast, serviço de notícias
em tempo real do Grupo Estado, mostrou que novos projetos não serão enviados ao
Legislativo e o governo não vai mais orientar sua base a aprovar o textos que
já tramitam no Congresso.
Ciente da nova postura do governo, o presidente do
Sindifisco Nacional, Cláudio Damasceno, convocou para terça-feira, 20, uma
assembleia com os servidores da categoria para deliberar qual o rumo o
movimento de reivindicação dos auditores fiscais da Receita Federal irá tomar.
A "operação padrão" da categoria no fim de julho
em portos e aeroportos ameaçou criar problemas para a chegada de turistas e
atletas nas vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O movimento foi
abrandado, no entanto, com o envio ao Congresso da proposta de reajuste dos
auditores. Agora, com a retirada de apoio do governo ao seu próprio projeto, o
recrudescimento da greve voltará à pauta.
"Amanhã faremos uma análise conjunta a partir dessas
novas declarações de integrantes da cúpula do governo. Não há decisão ainda,
mas o retorno do pente-fino nas alfândegas pode ser pautado na reunião",
afirmou Damasceno. O projeto de reajuste da Receita ainda está em fase de
apresentação de emendas na Comissão Especial que analisa a proposta na Câmara
dos Deputados.
Já os servidores do Tesouro Nacional, que estiveram em greve
e agora adotam também uma espécie de "operação padrão", estão do lado
oposto dessa briga. A categoria exige isonomia de tratamento com a Receita
Federal, mas estaria disposta a voltar integralmente ao trabalho caso não haja
reajustes para ninguém. "O governo sofrerá pressões muito grandes se não
conceder os reajustes que estão no Congresso, mas acreditamos que de fato não
há espaço fiscal neste ano", considera o presidente da Unacon Sindical,
Rudinei Marques.
No entanto, os analistas e técnicos do Tesouro vão esperar
um fato concreto que demonstre a disposição do governo em paralisar os
processos salariais neste ano. E isso só deve ocorrer em outubro. "Só a
disposição do governo não basta. Vamos esperar as votações após o 'recesso
branco' do Congresso para voltarmos à normalidade, caso os reajustes sejam de
fato suspensos", completou.
Com a greve, o relatório mensal da Dívida Pública referente
a julho não foi publicado no mês passado, e o resultado fiscal do Governo
Central do mesmo mês teve uma divulgação apenas parcial.
Também na espera por reajuste nos salários, os servidores do
Itamaraty estão realizando uma assembleia na manhã desta segunda-feira. O
SindItamaraty confirmou que houve corte integral do ponto dos servidores que
fizeram greve em agosto, com casos em que os contracheques dos funcionários
vieram até mesmo no negativo. Também houve exonerações de cargos comissionados
ocupados por servidores.
Ao todo, 13 categorias aguardam a votação de seus aumentos
no Congresso. São elas: Receita Federal, Auditoria do Trabalho, DNIT, Incra,
servidores das áreas de Políticas Sociais, Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Polícia Civil dos Ex-Territórios, servidores da área de
Infraestrutura, Diplomatas, Oficiais de Chancelaria, Magistrados e
Procuradores. Se esses projetos não forem aprovados, o governo poderá
economizar R$ 7,166 bilhões no ano que vem.
(Estadão Conteúdo)