Correio Braziliense
- 04/03/2018
Estatais e órgãos responsáveis pelo atendimento aos cidadãos
oferecem mais opções de acesso por meio eletrônico, mas ainda de modo tímido
A tecnologia está cada vez mais presente no dia a dia das
pessoas. Soluções digitais são criadas a todo instante para entretenimento ou
para aumentar a produtividade das empresas. Há novidades também no serviço
público, embora ainda muito aquém da necessidade e do potencial para melhorar o
atendimento aos cidadãos.
Órgãos públicos e instituições financeiras estatais têm
demonstrado maior interesse em diminuir a morosidade. Ao pagar os cotistas do
Fundo de Garantia sobre o Tempo de Serviço (FGTS) que tinham direito ao saldo
de contas inativas, no ano passado, a Caixa Econômica Federal permitiu o acesso
ao saldo e informações por um aplicativo criado especialmente para isso.
O diretor de Transformação Digital do banco estatal, Adriano
Assis, afirma que a Caixa modernizou soluções de atendimento em todos os canais
e tem ampliado constantemente o investimento na área. “Temos convicção de que
as novas tecnologias vêm agregando facilidades e desburocratizando processos
justamente por trazer mais segurança, agilidade e simplicidade, oferecendo
conveniência aos cidadãos no acesso aos serviços públicos, sociais e
financeiros”, diz.
Gustavo Rabelo, vice-presidente de setor público Oracle
Brasil, empresa que oferece recursos de software, explica que quem nasceu
depois dos anos 2000 está hoje entrando no mercado de trabalho e passará a
exigir mais serviços digitais das entidades públicas.
Os órgãos que não estiverem prontos para isso vão causar uma
grande frustração nos usuários”, avisa. Os especialistas destacam que as novas
tecnologias não vão, necessariamente, substituir o atendimento público
tradicional. A digitalização dos serviços públicos ocorre para auxiliar e facilitar
as demandas, não substituí-las.
Gilson Sena, 39 anos, é gerente de projeto do aplicativo
governamental Matrículas para os moradores do Amazonas. O estado precisava de
um serviço que facilitasse a entrada de crianças nas escolas. As filas de
espera e a locomoção de uma cidade para a outra punia as famílias que buscavam
inserir os filhos no sistema educacional.
Matrículas escolares
“No começo, desenvolvemos um site, mas, depois de um tempo,
percebemos que o acesso via dispositivos móveis era bem maior. Então, tivemos a
ideia de adaptar para o celular, tornando mais prático o serviço”, diz Sena.
Estima-se que o uso de smartphones no Brasil seja tão alto que o número de
aparelhos já seria equivalente ao de habitantes. Certamente, muitas pessoas não
estão conectadas, enquanto várias outras têm mais de um aparelho.
O Ministério do Planejamento afirma que o governo atual
busca digitalizar e desburocratizar alguns serviços. Na área econômica, por
exemplo, o órgão divulgou, no fim do ano passado, o Painel de Custeio, que é um
site que tenta apresentar, de forma mais intuitiva, dados orçamentários do
Executivo. A intenção é fazer com que o contribuinte perceba discrepância ou
gastos abusivos de cada ministério para corrigi-los no futuro.
Por Hamilton Ferrari