Correio Braziliense
- 22/05/2019
'A sociedade acaba pagando a conta de entregar ao poder
público muito mais do que ele precisaria', disse Rodrigo Maia em seminário do
Correio6
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, nesta
quarta-feira (22/5), que 60% do Brasil é a favor da reforma da Previdência, e
salientou que uma das dificuldades para implementar as mudanças é o tamanho do
serviço público. Maia disse que, em parte, quem aumentou a estrutura
administrativa foram os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e
Dilma Rousseff, os dois do PT, que governaram o país durante 13 anos. Rodrigo
Maia participou do seminário Previdência, por que a reforma é crucial para o
futuro do país?, promovido pelo Correio e pelo Estado de Minas.
"O salário dos servidores públicos, pelo tamanho do
estado ou pela estrutura criada pelos ex-presidentes Lula e Dilma, fez com que
(a Previdência) se tornasse um problema complicado. Hoje, é 77% mais caro no
governo federal e 30% nos estados. A sociedade acaba pagando essa conta de
entregar ao poder público muito mais do que ele precisaria ou deveria ter para
sua existência. Precisamos ter coragem para mudar", detalhou o presidente
da Câmara, que participou do penúltimo painel do evento.
Maia disse que a cada dois servidores públicos, há duas
pessoas com função comissionada. E salientou que, na Câmara, excluídos os
gastos com os parlamentares, o custo seria de R$ 4 bilhões apenas com o quadro
técnico.
"O custo da administração pública é responsável por
parte dos nossos problemas. Boa parte dos melhores servidores do país estão na
Câmara. Temos orgulho, mas é caro. Precisamos ter a coragem de dizer que vamos
construir uma nova Previdência e um novo estado, ou vamos continuar vivendo com
40 milhões de brasileiros que procuram emprego ou desistiram de procurar
emprego", acrescentou o presidente da Casa.
BPC e aposentadoria rural
Fiador da Previdência, Rodrigo Maia reconheceu que as
discussões sobre retirar o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e as
questões envolvendo a aposentadoria rural são válidas. Contudo, disse que a
idade para deixar o trabalho (65 anos para homens e 62 para mulheres), que tem
sido um problema na sociedade, reflete basicamente o que ocorre atualmente.
"Homens mais simples se aposentam antes dos 65 anos e as mulheres, em
média, aos 61 anos de idade. Mas as pessoas ainda não entendem isso", detalha.
Outro ponto citado pelo deputado é a economia de R$ 1
trilhão proposta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e que, embora
amplamente divulgada, não foi explicada à população. "Falar em economizar
R$ 1 trilhão é algo que precisa ser bem explicado para a sociedade brasileira,
mas não tenho dúvida que o equilíbrio do sistema previdenciário é importante
para que aqueles que querem investir no Brasil a longo prazo tenham certeza que
não voltaremos a ter moratória e não aumentaremos taxa de juros".
Por fim, Rodrigo Maia disse que espera do governo um
posicionamento proativo, "como tem sido", frisa, e implemente
mecanismos para trazer investimentos ao setor privado. "Não adianta
reformar o estado se a democracia não estiver madura", finaliza.
Por Bernardo Bittar