BSPF - 01/09/2019
Fim do expediente às 18h prejudica trabalho em órgãos no
Ministério da Economia
O primeiro dia de economia forçada de energia nos prédios do
Ministério da Economia já causou transtornos às atividades realizadas por
servidores de diversos órgãos vinculados ou hospedados pela Pasta nos Estados.
Há relatos de funcionários que precisaram concluir seus trabalhos sob a luz de
lanternas, já que desde a segunda-feira a iluminação das sedes do ministério
deve ser desligada a partir das 18 horas.
Para economizar R$ 366 milhões neste ano, o Ministério da
Economia publicou na semana passada uma portaria determinando uma série de
ações para a redução nas despesas da Pasta. Dentre as medidas anunciadas, o
expediente foi limitado ao horário das 8 horas às 18 horas, foram cortados
celulares dos servidores, e viagens internacionais terão controle mais rígido.
O secretário executivo do Ministério da Economia, Marcelo
Guaranys, garantiu na semana passada que as atividades essenciais do ministério
não serão afetadas e que o atendimento ao público também funcionará
normalmente. Mas servidores de diversas áreas já encontraram dificuldades para
concluírem suas tarefas no primeiro dia de validade do novo horário.
Segundo apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo
real do Grupo Estado), agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
precisaram trabalhar à luz de lanternas nesta segunda-feira na superintendência
do órgão em Minas Gerais, que fica sediada no edifício do Banco Central na
capital mineira.
Da mesma forma, servidores da Controladoria-Geral da União
(CGU) tiveram que interromper a análise de documentos relacionados a operações
de fiscalização nos Estados nos quais o órgão também funciona em edifícios
vinculados ao Ministério da Economia. Já o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) foi obrigado a suspender aulas de mestrado oferecida no período
noturno.
O presidente da Unacon Sindical – que representa os servidores
do Tesouro Nacional – e do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do
Estado (Fonacate), Rudinei Marques, alega que a economia prevista com energia
elétrica é muito pequena diante dos problemas que a medida pode causar às
atividades dos órgãos vinculados à pasta.
“As operações de leilões da dívida pública e até mesmo
negociações internacionais podem se prejudicadas. A liberação de garantias para
empréstimos dos Estados pode atrasar e operações de fiscalização in loco da
Receita Federal ou de defesa comercial podem ser adiadas para não passarem do
horário das 18h”, argumenta o sindicalista.
As entidades que representam os servidores enviaram nesta
terça-feira um ofício ao ministro da Economia, Paulo Guedes, considerando
“louvável” o esforço do governo para a contenção de despesas, mas alertando
para possíveis prejuízos “ao cumprimento da missão institucional dos órgãos”.
Como alternativa para mitigar em parte o prejuízo com o fim
do expediente às 18h, os sindicatos sugerem ainda a revogação de um ato que
proíbe os servidores de tirarem menos de uma hora de intervalo para as
refeições. “Possibilitar o horário de meia hora de almoço já ajuda um pouco,
mas não resolve. O ideal é permitir o trabalho de quem precisa para além das
18h. Não é aí que está a economia que o ministério precisa”, completa Marques.
(Estadão Conteúdo)
Fonte: ISTOÉ DINHEIRO