segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Concurso público X Empreendedorismo: dilema e opiniões

Por Luciano Pires
Blog do Servidor/CB


Recebi neste fim de semana, por e-mail, uma entrevista
com Fernando Dolabela, um bambambam do mundo corporativo, consultor, autor de livros e professor da Fundação Dom Cabral. Originalmente publicada no site da revista Veja (está lá no botão 'Economia'), a conversa com o repórter André Pontes rende um bocado.

Sob o título "Corrida por serviço público é mau negócio ao Brasil", o texto segue assim:

"Estima-se que, ao final deste ano, 10,4 milhões de brasileiros terão realizado concursos públicos, de acordo com dados da Associação Nacional de Proteção e Apoio ao Concurso (Anpac). Parte desses brasileiros busca realização profissional, mas também a conhecida estabilidade no emprego. O número de candidatos a uma vaga na hierarquia pública é recorde: 30% maior do que o medido em 2008. O crescimento, porém, preocupa, alerta o professor Fernando Dolabela. "Esse é um grande mal do nosso governo: incentivar o concurso público", diz. "O país não pode encaminhar a sua nata intelectual para o serviço público inoperante."

Dolabela é criador de uma metodologia adotada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e 400 instituições de ensino superior que pretende ensinar o cidadão a empreender - e não fazer concursos públicos. É autor também de livros sobre o tema, como o romance O Segredo de Luísa, que já vendeu mais de 200.000 cópias."

Entre as muitas avaliações feitas pelo especialista sobre o interesse das pessoas em ingressar no setor público e a disposição do governo em recompor a máquina burocrática, Dolabela diz que só a inovação salva.

Abaixo, duas das muitas perguntas feitas pelo repórter
André Pontes e respondidas por Dolabela:

"Qual a importância do empreendedorismo no desenvolvimento do país?
Não há desenvolvimento sem empreendedorismo. Tudo o que não for empreendedorismo é custo. O governo só gera custos, ele não produz nada. Não que ele não deva existir, isso é indiscutível. Mas o emprego público é só custo. Já a empresa é o local onde se gera riqueza. Ou seja, a capacidade de gerar valores materiais e não materiais é que move a economia. O Brasil criou o patamar para o salto de desenvolvimento, mas não podemos viver de commodities (produtos primários como minério de ferro, celulose, fumo e petróleo). Não podemos ter uma economia baseada em oferta de riqueza do solo. Se queremos chegar a níveis altos e ser um país de primeiro mundo, temos que inovar. E empreender é a única forma de combater a miséria.

Mas o jovem inovador está indo para o serviço público.
Esse é um grande mal do nosso governo: incentivar o concurso público. O país não pode encaminhar a sua nata intelectual para o serviço público inoperante. Nos EUA, uma pesquisa apontou que 70% dos adolescentes americanos têm como heróis os empresários do Google, Microsoft e Yahoo!. Nossos jovens não têm heróis. O pai brasileiro vira para o filho e diz para ele prestar o concurso público, enquanto o correto seria incentivá-lo a abrir uma empresa. Os jovens querem o serviço público por estabilidade. Não quero com isso dizer que o serviço público não mereça os melhores cérebros do país. Merece, mas calma lá. Você pega um grande aluno de ciências da computação da USP, por exemplo: quando ele vê o salário elevado na Policia Federal, corre para prestar um concurso lá. Por que ele faz isso? Porque ele é mais preparado, ele sabe que vai passar. Ele presta a prova para o Tribunal de Contas sem nunca ter pensado em trabalhar com isso. Mas ele vai lá porque o salário é alto e ele nunca vai ser demitido."


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