terça-feira, 27 de setembro de 2011

IMÓVEIS FUNCIONAIS



Autor(es):  Josie Jeronimo
Correio Braziliense     -     27/09/2011





Justiça ordena saída imediata


Prazo de 90 dias para ex-servidor que ocupa irregularmente apartamento utilizado como depósito de queijos é revisto e inquilino será obrigado a deixar a unidade nesta terça-feira

Um oficial de Justiça cumprirá hoje mandado de reintegração imediata de posse do imóvel funcional da SQS 203 que estava sendo usado como depósito de queijos pelo ex-servidor Clineo Monteiro França Netto e seu filho Clóvis Martinelli França, representante da empresa Tirolez em Brasília. Após o Correio mostrar, na edição de sexta-feira, o movimento de carga e descarga das caixas do laticínio do apartamento 303 do Bloco H, a Advocacia-Geral da União reiterou pedido de reintegração de posse e a solicitação foi atendida pela 13ª Vara Federal de Brasília.

Na sexta-feira, foi expedida liminar determinando a devolução do apartamento, avaliado em R$ 1,3 milhão, mas a Justiça deu prazo de 90 dias para que a família França entregasse o imóvel funcional. Ontem, entretanto, a 13ª Vara Federal de Brasília reformou a decisão e determinou a "saída imediata" da unidade.

O oficial de Justiça comparecerá hoje ao condomínio e apresentará o mandado. Se os moradores resistirem em devolver o imóvel voluntariamente, força policial (geralmente a Polícia Federal) será requisitada e a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) mobilizará o aparato para a retirada dos objetos do apartamento, como caminhão para mudança e carregadores.

Em caso de remoção, os pertences serão levados no caminhão da SPU a um depósito público. O advogado do ex-servidor soube ontem que a decisão foi reformada, mas, até a noite, nenhum recurso de cancelamento do mandado havia sido registrado na tramitação do processo.

Há pelo menos 12 anos, a família França mantém a posse do imóvel do governo graças a recursos na Justiça. Clineo Netto ganhou o direito de morar no apartamento funcional na década de 1980, quando era funcionário não efetivo do Ministério do Trabalho. Em 1985, ele deixou o cargo, mas continuou no imóvel. Sete anos depois, em 1992, a AGU já lutava contra o ex-servidor para reintegrar o imóvel à administração dos bens da União. Em 1999, foi publicado no Diário Oficial termo de rescisão da concessão do imóvel a Netto. Mesmo assim, o imóvel continuou ocupado irregularmente.

Vizinhos
Além de privar a União de entregar o imóvel funcional a outros servidores da ativa, que aguardam em uma fila por apartamentos do governo (quem tem direito a moradia mas não ocupa unidade funcional recebe auxílio financeiro), a utilização comercial da unidade como ponto de distribuição de queijo é alvo de reclamação dos moradores do condomínio. A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) foi comunicada do problema, mas informou que não tinham fiscais para averiguar o caso.

O Correio mostrou que o Tribunal de Contas da União (TCU) avisou o Ministério do Planejamento sobre as deficiências da Secretaria de Patrimônio na administração dos apartamentos funcionais. Até mesmo o TCU teve dificuldades para obter informações precisas sobre o número de imóveis administrados pela SPU. Desde a quinta-feira a reportagem tenta contato com a Superintendência do Patrimônio da União do Distrito Federal, mas até agora não obteve resposta.



Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra