terça-feira, 5 de junho de 2012

Salário público só na teoria



Guilherme  Amado
Correio Braziliense     -      05/06/2012




Apesar de o Executivo já ter definido datas e critérios para divulgar os vencimentos de servidores, Legislativo e Judiciário ainda postergam o cumprimento danorma 

Quase três semanas após a Lei de Acesso à Informação entrar em vigor, o Legislativo e o Judiciário federais ainda não decidiram o formato de divulgação dos salários dos servidores, nome a nome.

Embora o Ministério do Planejamento já tenha publicado portaria delineando como será o processo no Executivo—que vai começar a liberar os dados a partir do dia 30 —, os demais poderes vêm postergando a medida.

No Judiciário, cada tribunal tem autonomia para decidir como será a divulgação em seu âmbito. A mais alta corte, o Supremo Tribunal Federal (STF), reuniria os 11 ministros na semana passada para debater o assunto, mas o encontro foi desmarcado.

A expectativa é que haja nova reunião nesta semana, ainda sem dia marcado. Tão logo a lei entrou em vigor, em 16 de maio, ministros afirmaram em público serem favoráveis à publicação dos respectivos rendimentos e dos servidores.

O Congresso também anunciou, após resistência inicial, que pretende publicar os salários individualizados.Mas o empurra- empurra também posterga a divulgação. Primeiro, a Câmara dos Deputados e o Senado afirmaram que esperariam a portaria do Ministério do Planejamento, publicada na semana passada. Após o texto no Diário Oficial, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-SP), anunciou que a Mesa Diretora só vai debater o tema após a viagem oficial que ele faz à China— ele volta no próximo domingo.

Já o Senado afirmou que vai esperar uma decisão conjunta da Câmara e do Tribunal de Contas da União (TCU) para que a divulgação das três instituições siga o mesmo processo.

A demora do Legislativo data do primeiro dia de vigor da Lei de Acesso. Em16 de maio, procuradas pelo Correio, as duas Casas afirmaram que não pretendiam informar o salário dos servidores, apesar da lei, que não trazia restrições de sigilo para esse tipo de dado. No entanto, a posição da presidente Dilma Rousseff, que citou especificamente no decreto que regulamentava a lei a divulgação dos salários, constrangeu o Congresso, que reviu a postura.

Pressão

Os sindicatos ligados ao funcionalismo público ainda estudam como devem ingressar na Justiça contra a decisão dos Três Poderes. Pelo menos dois deles, o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis) e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), filiada à CUT, já anunciaram que pretendem barrar a divulgação dos vencimentos dos servidores.

A primeira polêmica em torno da publicação dos salários ocorreu quando a prefeitura de São Paulo decidiu informar toda a folha salarial. A batalha judicial, iniciada no Tribunal de Justiça de São Paulo, foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Em julho de 2009, o então presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, liberou a publicação na internet da remuneração mensal dos 162 mil servidores da prefeitura.

O ministro Carlos Ayres Britto, atual presidente do tribunal, também se manifestou favorável à medida na época.


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra