Geralda Doca
O Globo - 17/07/2012
Agências reguladoras também param por reajuste salarial. Na
GM, metalúrgicos protestam contra fim de linha de montagem
SÃO PAULO e BRASÍLIA - Os funcionários da Eletrobras entraram
em greve ontem, depois de não terem conseguido o aumento salarial solicitado, e
querem a retomada das negociações, informou o secretário de energia da
Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Fernando Pereira. Também cruzaram os
braços os funcionários das agências reguladoras, enquanto metalúrgicos da
General Motors (GM) fizeram uma paralisação de 24 horas.
- Paramos por tempo indeterminado até o governo autorizar a
reabertura das negociações - disse Pereira , da FNU, à agência de notícias
Reuters.
Os trabalhadores pedem aumento salarial de 10,73%, enquanto
a Eletrobras ofereceu 5,1%. Pereira disse que a adesão ao movimento "é
boa", com praticamente todos os funcionários das 14 empresas do grupo
parados. A exceção fica por conta dos 30% necessários para manter as atividades
de operação e outras essenciais.
Ele disse ainda que os trabalhadores querem discutir a
estrutura da empresa, que, segundo a FNU, tem cerca 20 mil terceirizados, além
dos 27 mil contratados.
Sobre a paralisação dos funcionários das agências
reguladoras, o Sinagências, sindicato da categoria, estima que metade dos sete
mil servidores das dez agências, mais o Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), cruzem os braços.
Segundo a a entidade, além do DNPM já aderiram os
funcionários da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac),
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional de Transportes
Aquaviários.
O diretor do Sinagências, Ricardo Holanda, disse que os
fiscais da Anvisa suspenderam os trabalhos nos principais aeroportos do país.
Somente estão sendo liberados produtos de emergência para UTI e transporte de órgãos.
Os funcionários da Anatel pararam em São Paulo, Bahia, Rio e
Acre, enquanto os da Anac pararam em São Paulo e os de Aneel e Antaq, em
Brasília. Os do DNPM estão parados em 16 estados.
Holanda disse que, além do reajuste de 22,08%, a título de
reposição salarial desde 2008, os funcionários pedem mais investimentos nas
agências e reforço do quadro de pessoal. Segundo ele, há meses o sindicato
tenta, sem sucesso, negociar com o Ministério do Planejamento:
- O governo se recusa a negociar e empurrou os trabalhadores
para a greve. A mesa de negociação com o Planejamento é só enrolação.
O ministério informou que as negociações vão continuar e
que, mesmo com a greve, nenhuma agência está paralisada.
Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, os metalúrgicos
da GM fizeram uma paralisação de 24 horas contra os planos da montadora de
encerrar a produção no setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA), onde
são feitos Corsa, Classic e Meriva. O setor emprega 1.500 funcionários. Na
sexta-feira, a GM havia anuciado o encerramento da produção da Zafira, da mesma
linha de montagem. Segundo o sindicato local, com a paralisação, que englobou
os 7.500 empregados da unidade, deixaram de ser fabricados 750 veículos.
O diretor de assuntos institucionais da GM do Brasil, Luiz
Moan, se disse "surpreso" com a paralisação e acrescentou que a
montadora vai entrar com ação na Justiça do Trabalho pedindo a reparação dos
prejuízos. Sobre as demissões na MVA, Moan afirmou que elas não passam de boato
e que qualquer decisão será tomada na reunião com o sindicato no fim deste mês.