sexta-feira, 13 de julho de 2012

Governo apresenta proposta a professores



Rafael Moraes Moura
O Estado de S. Paulo     -     13/07/2012






No quinquagésimo sétimo dia de greve, o governo federal apresentou nesta sexta-feira proposta para reestruturar o plano de carreira e conceder reajuste a professores de universidades e institutos federais ao longo dos próximos três anos. Pressionado, o Palácio do Planalto atendeu uma das principais reivindicações do corpo docente, aceitando reduzir de 17 para 13 os níveis de carreira. Além disso, se comprometeu a reservar R$ 3,9 bilhões para os aumentos salariais, que deverão ser concedidos de forma gradual até 2015.


Apesar do otimismo das autoridades com o fim da greve, lideranças de sindicatos que se reuniram nesta sexta-feira em Brasília com o secretário de relações do trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, ficaram frustradas com o plano, o que deve levar à continuidade da paralisação pelos próximos dias. Uma próxima reunião está marcada para o dia 23 deste mês. "Estamos muito insatisfeitos e vamos ir para as bases com essa proposta", disse o coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), David Lobão.


Iniciada em 17 de maio, a paralisação já contou com a adesão de 57 das 59 universidades federais, além de 36 institutos de educação básica, profissional e tecnológica. Servidores técnico-administrativos e estudantes também estão em greve.


De acordo com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o reajuste aos docentes será concedido em parcelas - 40% em 2013, 30% em 2014 e 30% em 2015, totalizando R$ 3,9 bilhões no período. A medida deve beneficiar 143 mil professores - 105 mil das universidades e 38 mil dos institutos federais.


"Não estão claro quais são os valores para 2013 e 2014, é uma promessa de escalonamento. São valores bem inferiores ao que colocamos", criticou o presidente da Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes Federação), Eduardo Rolim de Oliveira. Segundo o governo, o reajuste deverá ficar entre 12% e 45%, dependendo do nível dos professores - os maiores aumentos ficarão para doutores nas universidades que trabalham em regime de dedicação exclusiva. Os que são de classe titular terão o salário aumentado de R$ 11,8 mil para R$ 17 mil, por exemplo (aumento de 45,1%). Para um professor com mestrado que também atue em dedicação exclusiva e que seja classificado como adjunto nível 4, o valor passará de R$ 5,8 mil para R$ 7,2 mil (24,7%).


"Houve precipitação da universidades e escolas técnicas de deflagrar a greve em maio. O momento de negociação é exatamente esse de julho para agosto, onde é possível o governo fazer todas as suas contas e de maneira responsável estabelecer o que é possível", afirmou Belchior. "O governo está fazendo suas contas de maneira responsável levando em conta a situação internacional para fazer propostas sustentáveis pras finanças da União e para os servidores".


Para Mercadante, o cenário de incertezas na economia exigiu do Executivo mais tempo para avaliar as reivindicações. "Para que começar uma greve em maio se precisamos de tempo para saber o que está acontecendo na economia mundial?", questionou. O ministro defendeu a priorização da titulação e da dedicação exclusiva na concessão dos reajustes, "porque queremos que o corpo docente continue pesquisando e se formando". "Onde não há pesquisa, não há avanço na docência", afirmou.


Mercadante admitiu, no entanto, que houve "atraso" na discussão da reestruturação das carreira, mas defendeu a proposta, considerada por ele "um avanço grande". Na avaliação do secretário de ensino superior do MEC, Amaro Lins, a comunidade universitária deverá receber de "bom grado a proposta" quando tiver acesso às tabelas com as propostas de reajuste, avalia.


Ao ser questionado sobre a controversa meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que estabeleceu que o investimento em educação pública deverá aumentar dos atuais 5% para 10% ao longo dos próximos dez anos, Mercadante disse: "(Isso) Significaria passarmos de um orçamento de R$ 212 bilhões para R$ 425 bilhões no prazo de 10 anos, precisaríamos colocar 212 bilhões a mais, isso para município, Estado e União, é mais ou menos, cinco CPMFs, mais do que simplesmente a meta, me digam qual é a fonte, se não dá pra aumentar impostos?".




Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra