Jornal de Brasília
- 04/07/2012
Promete se tornar uma verdadeira batalha política a emenda à
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que dá autonomia para que os poderes
Judiciário e Legislativo, além do Ministério Público da União, reajustem os
seus próprios salários. O Governo Federal calculou que a emenda – que tira a
prerrogativa de reajustar salários do Poder Executivo – teria um impacto de R$
10 bilhões no Orçamento da União do ano que vem, segundo informou ontem a
ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (foto): “Se você fizer uma
comparação, a antecipação das compras governamentais foi de R$ 8 bilhões.
Uma
medida pra enfrentamento da crise, de aquecimento da economia, de geração de
emprego e renda, de prestação de serviço, porque serão bens que estarão à
disposição da população. R$ 10 bilhões é mais da metade do Bolsa Família",
comparou a ministra.
VINCULAÇÃO
Outra preocupação do governo é em relação a uma proposta de
emenda à LDO, ainda em estudo, que vincula o aumento para os servidores do
Executivo, Legislativo e Judiciário à receita líquida da União. Para justificar
suas preocupações, a ministra citou a crise econômica internacional e o pedido
de reajuste feito pelo Poder Judiciário. Para ela, a categoria já possui uma
média salarial muito significativa e não há como atender à reivindicação de 56%
de aumento salarial. "Se você fizer [...] a publicação de todos os
salários, de todos os poderes, vai ficar muito claro que a média salarial é
muito significativa para como eles estão apresentando novamente de reajuste de
56%. Como dar 56% de reajuste para uma categoria que tem em torno de 120 mil
pessoas?", questionou.
NEGOCIAR
Mesmo com todo esse discurso, Ideli afirmou que é preciso
manter conversas com os servidores.
CARROÇADA
Na mesma hora em que a ministra concedia entrevista, os
servidores federais faziam manifestação na Esplanada dos Ministérios, batizada
de carroçada (foto), para protestar contra o descaso do governo em relação à
greve da categoria, que já dura 16 dias e não tem previsão de terminar. De
acordo com o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos do Distrito Federal
(Sindsep-DF), Carlos Henrique Bessa, 13 ministérios e 500 mil servidores (c erc
a de 60% da categoria) aderiram à greve.
Entre as reivindicações estão o
cumprimento dos acordos firmados, política salarial permanente com reposição
inflacionária, valorização do salário-base e incorporação das gratificações. De
acordo com o Ministério de Planejamento, a previsão é que até 31 de julho os
impasses sejam resolvidos. No momento, o governo negocia com os sindicatos para
chegar a um acordo.