Correio Braziliense
- 06/07/2012
Sem uma posição definida do governo, a campanha salarial dos
servidores públicos federais vai ganhando cada dia mais contornos de
paralisação nacional. Trabalhadores de novos órgãos aderiram ontem ao
movimento, que, com a paralisação da Superintedência da Fundação Nacional do
Índio (Funai) do estado de Roraima, já atinge 23 estados e o Distrito Federal.
A Imprensa Nacional também deve engrossar o coro e vota a greve na próxima
terça-feira. Já os servidores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) vêm parando gradativamente
as atividades.
De acordo com a Associação dos Servidores da Imprensa
Nacional (Asdin), além da correção da tabela salarial, os grevistas exigem a
realização de concursos públicos para reposição de pessoal, já que, segundo a
associação, cerca de 70 dos 300 ativos devem se aposentar este ano. Na Fiocruz,
a paralisação é feita de forma progressiva. Os servidores, que pararam durante
24 horas na semana passada, suspenderam as atividades por 48 horas entre
quarta-feira e ontem e, sem avanços nas negociações, prometem não trabalhar
novamente no próximo dia 10.
Mesmo com a pressão das manifestações diárias %u2014 cerca
de 30 setores estão de braços cruzados %u2014, o governo permanece irredutível.
Os representantes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e do
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) se reuniram
na manhã de ontem com representantes do Ministério do Planejamento, mas não
tiveram grandes avanços. Sem uma posição, o governo só estimula a greve, que
está cada vez mais fortalecida, explica Josemilton Costa, sercretário-geral da
Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).
Além do Ministério da Saúde e da Fundação Nacional da Saúde
(Funasa), que estão parados em pelo menos 10 estados, também estão de braços
cruzados os servidores dos ministérios da Previdência, do Trabalho, da Justiça,
das Relações Exteriores, do Desenvolvimento Agrário, de parte do Planejamento,
da Agricultura e do Meio Ambiente, segundo a Condsef. Está agendado para o dia
16 um acampamento na Esplanada dos Ministérios que reunirá os cerca de 350 mil
grevistas do país.