Folha de S. Paulo
- 08/08/2012
Agentes da Polícia Federal iniciaram ontem uma greve por
tempo indeterminado no país. A paralisação afeta os serviços de emissão de
passaportes, fiscalização de fronteiras e investigações.
A direção da PF não quis comentar o movimento.
Ao menos 300 mil servidores de oito ministérios e 30 órgãos
estão em greve no país. Professores de universidades federais, por exemplo,
estão parados há quase três meses.
A greve da PF é encabeçada pela Fenapef (Federação Nacional
dos Policiais Federais).
Segundo a entidade, que não representa delegados, só
passaportes de urgência serão emitidos. Porém, não há uma definição sobre quais
são os casos emergenciais.
"Se alguém precisar viajar por causa de problema
familiar ou se já comprou passagem, o passaporte será feito. Se houver algum
gesto do governo, vamos suspender a greve e retomar a negociação", disse o
presidente da Fenapef, Marcos Wink.
A Superintendência da PF em São Paulo disse que haverá pelo
menos o "efetivo mínimo" trabalhando no setor de passaportes e que
estão sendo remanejadas pessoas para atender o público. Só em junho, a PF em
São Paulo emitiu 14.356 passaportes.
INTERNET
Quem já pagou as taxas e não for atendido terá de remarcar
data para pegar o passaporte, o que pode ser feito pelo site da PF
(www.dpf.gov.br). Os passaportes que já estão prontos serão entregues.
A entidade afirma que cerca de 30% do efetivo -o mínimo legal-
permanecerá trabalhando. Agentes, escrivães e papiloscopistas somam 9.000
pessoas. A Fenapef estima que 6.800 pararam. Esta é a terceira greve da
categoria. As outras ocorreram em 1994 e 2004.
Na sexta-feira, novas assembleias serão realizadas.
A Fenapef diz que está sem aumento desde 2006 e que o
salário inicial, de R$ 7.200, ficou defasado. A categoria quer aumento para R$
13 mil em cinco anos, equiparando-se a auditores da Receita e agentes da Abin.
Os policiais também dizem que falta efetivo para controlar
fronteiras e aeroportos e pedem a substituição do diretor-geral da PF, Leandro
Daiello, por alguém que não seja da corporação.
Ontem, também foi iniciada uma operação-padrão. Policiais
farão checagens mais completas em bagagens e documentos. Em Guarulhos, a
operação vai ocorrer amanhã.
"Vamos fazer o serviço como deveria ser feito. Se você
despachar em Brasília um produto ilícito, as chances de chegar ao destino são
de 99%", disse Jones Leal, presidente do sindicato no DF.
Em Estados como Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Minas
Gerais, Pernambuco e Ceará, a emissão de passaportes foi reduzida quase a zero.