O Globo - 22/08/2012
Ativistas vão às ruas protestar e ministros anunciam corte
de ponto. Itamaraty e Receita podem parar
BRASÍLIA - A dez dias
do fim do prazo para o envio da proposta orçamentária de 2013 ao Congresso, os
servidores públicos federais foram ontem mais uma vez às ruas para pressionar o
governo por reajustes. À noite, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse
que serão aplicadas sanções aos grevistas em casos de desrespeito à lei,
referindo-se às greves da Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal
(PRF). Já o Ministério do Planejamento anunciou o corte do ponto de 11.495
funcionários do Executivo. Segundo o ministério, a medida não atingiu os
professores das universidades federais, que já fecharam acordo de reajuste
salarial entre 25% e 40% até 2015.
- Da mesma forma que garantimos a liberdade de expressão,
não podemos aceitar a ofensa a lei, ao interesse público e ao interesse do
cidadão. Baixamos uma clara orientação para a direção da Polícia Federal e da
Policia Rodoviária Federal. Em todos os casos que ocorrerem ilegalidade vamos
abrir processo disciplinar e informar à Justiça - disse Cardozo.
Há dois dias parados em 12 estados, os agentes da PRF
pretendem parar as atividades em todo o Brasil amanhã, a partir das 14h, se não
houver acordo. Hoje, estão atendendo apenas casos urgentes, com vítimas, ou
flagrantes.
Segundo Reni Rocha, vice-presidente do Sindicato dos
Policiais Rodoviários Federais do Distrito Federal (SinPRF-DF), embora a
carreira exija ensino superior, os agentes recebem valor de nível médio. Ontem,
trabalhadores do Hospital das Forças Armadas (HFA) recusaram a proposta de
reajuste de 15,8%, parcelado em três anos. Os servidores do Itamaraty prometem
parar hoje. Pedro Delarue, presidente do Sindifisco Nacional, disse que os
auditores fiscais da Receita vão cruzar os braços hoje e amanhã.
O Ministério da Educação divulgou ontem balanço parcial
referente às universidades federais que mostra que os servidores
técnico-administrativos de 20 delas aceitaram a proposta de reajuste do
governo, de 15,78% em três anos, e decidiram voltar ao trabalho. Em outras
cinco, a categoria recusou e a paralisação continua.