Ana Carolina Dinardo
Correio Braziliense
- 20/08/2012
Planejamento receberá mais de 20 categorias, até sábado,
para tentar convencer o funcionalismo a aceitar reajuste de 15,8%
As reuniões desta semana entre representantes dos servidores
públicos e do governo para discutir a reposição salarial do funcionalismo serão
decisivas. Nos próximos dias, os resultados de assembleias sindicais definirão
se o movimento grevista, que já atinge 33 categorias, vai se intensificar ou
perder força. Os líderes dos trabalhadores consideram insuficiente a proposta
de aumento linear de 15,8%, parcelados em três anos, feita pelo Planalto, e
insistem em correções mais elevadas. Mas, até agora, a resposta oficial tem
sido a de que as contas públicas não permitem índices mais generosos.
A partir de hoje, o secretário de Relações de Trabalho do
Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, terá reuniões diárias com mais de
20 categorias, entre elas, os grevistas do Ministério da Saúde, do Hospital das
Forças Armadas (HFA) e da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Econômico
(SNDE). O governo argumenta que não tem recursos para aumentar os vencimentos
da maior parte dos servidores e, ao mesmo tempo, cuidar dos programas de
estímulo para defender a economia dos efeitos recessivos da crise
internacional. Sem contar que a arrecadação tributária vem perdendo força.
Além disso, lembra que, nos últimos anos, os servidores já
se beneficiaram de aumentos significativos. De acordo com os dados do Boletim
Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento, de 2003 a 2011, a folha
de pagamento federal cresceu 133%, saltando de R$ 64,7 bilhões para R$ 151
bilhões. Na avaliação de uma fonte do Planejamento, isso representou o resgate
das perdas que a categoria sofreu no governo do Fernando Henrique Cardoso.
O diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público
Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo, alega, porém, que, para que houvesse a
reposição das perdas, o reajuste deveria ter sido de 186%. E afirma que cerca
de 30% das carreiras não foram atendidas. "Os avanços são muito inferiores
ao que nós queremos", enfatizou. O representante sindical disse ainda que
37% dos trabalhadores já poderiam ter se aposentado, mas não o fazem, pois
perderiam 40% do salário caso deixassem a ativa. "O serviço público
precisa ser valorizado e, por isso, nosso movimento vai ser intensificado nessa
semana", assegurou.
Paralisação
Os servidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
cujos representantes se reuniram com Sérgio Mendonça no sábado, já manifestaram
sua rejeição à proposta governamental. Eles decidiram cruzar os braços por
tempo indeterminado a partir de amanhã. "O percentual oferecido é um
absurdo. Um acordo nas bases sugeridas pelo governo, além de não repor a perda
do poder aquisitivo, nos deixa impossibilitados de reivindicar nossos direitos
até 2016", disse o presidente do Sindicato Nacional da CVM, Leonardo Wainstok.
Na opinião do presidente do Sindicato dos Servidores das
Agências Nacionais de Regulação (Sindagências), João Maria Medeiros, a greve
continuará até o que o governo atenda aos pleitos da categoria. "Os 15,8%
nem sequer repõem as perdas. Queremos, no mínimo, 22,8%", afirmou.
» Semana decisiva
O governo inicia hoje uma nova rodada de reuniões com
representantes sindicais dos servidores federais para discutir o rajuste
salarial do funcionalismo. Confira o
calendário de encontros e as carreiras que participarão das negociações.
Hoje
» Ministério de Ciência e Tecnologia
» Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro)
» Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra)
» Carreirão com 18 setores associados à Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef)
Amanhã
» Ministério do Meio Ambiente
» Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama)
» Fundação Nacional do Índio (Funai)
» Militares
» Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
» Secretaria Nacional de Direito Econômico (SNDE)
» Hospital das Forças Armadas (HFA)
Quarta-feira
» Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte
(Dnit)
» Arquivo Nacional
Quinta-feira
» Instituto Evandro Fraga
» Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
» Condsef
Sexta-feira
» Ministério da Saúde
» Condsef
Sábado
» Polícia Federal (PF)
» Banco Central (BC)
» Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
» Receita Federal
» Superintendência de Seguros Privados (Susep)
» Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
» Polícia Rodoviária Federal (PRF)
» Agências Reguladoras
» Condsef
» Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e
Controle (UnaconSindical)
Fonte: Condsef