BSPF - 13/08/2012
O governo agendou para esta semana a apresentação de suas
propostas salariais aos servidores públicos em greve. A julgar pelo que diz o
ministro Guido Mantega (Fazenda), é improvável que os grevistas saiam
satisfeitos das reuniões que ocorrerão desta segunda (13) até sexta-feirra
(17).
“É preciso que todos entendam que há limitações
orçamentárias e a prioridade do governo neste momento é incentivar os
investimentos produtivos”, afirma Mantega. O gestor da chave do cofre falou ao
repórter Vicente Nunes.
Segundo ele, o governo não descarta a hipótese de conceder
reajustes salariais. Recorda que já “foi feita uma proposta aos professores de
universidades federais”. Agora, “vamos olhar outras carreiras”, acrescenta.
Porém, Mantega pondera: “É importante deixar claro que, na
média, o funcionalismo tem salários muito maiores do que os pagos na iniciativa
privada.” E repisa: “A prioridade do governo neste momento é estimular o
crescimento da economia por meio dos investimentos, que darão a dinâmica do
PIB.”
Insiste: “Sabemos que há limitações orçamentárias. Por isso,
vamos estabelecer prioridades. Além da ampliação do processo de desoneração da
folha de salários de setores intensivos de mão de obra, vamos fazer uma nova
rodada de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.”
Simultaneamente à negociação com os servidores, “nesta
semana, o governo vai lançar a primeira fase de um grande programa de expansão
dos investimentos em infraestrutura, que se somará aos investimentos em
petróleo e gás, que estão entre os maiores do mundo, aos da indústria
automotiva, entre outros.”
Mantega exemplifica: “Só a Petrobras investirá mais de R$ 80
bilhões e a Vale, cerca de R$ 40 bilhões.” Ele soa otimista: “Com essas medidas
e o cenário de retomada da economia neste semestre, tenho certeza que os
investimentos voltarão a se acelerar. Muitos empresários ficaram temerosos com
a recaída lá fora, diante da incapacidade da Europa em resolver rapidamente
seus problemas. Mas vão perceber que o Brasil está em um momento muito bom,
fazendo uma reforma estrutural.”
Dilma dispensa aos servidores um tratamento mais draconiano
do que o que foi observado sob Lula? “Não vejo grandes diferenças”, Mantega
respondeu. “É preciso olhar para trás e ver o que ocorreu.”
Eis o que o ministro enxerga no retrovisor: “Em 2003, como ministro
do Planejamento do recém-empossado governo Lula, tive que fazer um grande
ajuste fiscal. Promovemos um corte expressivo nos gastos, entre R$ 30 bilhões e
R$ 40 bilhões. Com isso, conseguimos dar reajuste de apenas R$ 60 para cada um
dos servidores, o que provocou grande gritaria.”
“Em 2004, também o aumento para ao funcionalismo foi
pequeno. De 2006 para cá, com a economia crescendo mais, assim como a
arrecadação, foi possível conciliar três coisas: dar bons reajustes aos
servidores, ampliar os investimentos e fazer um sólido ajuste fiscal, que
derrubou a dívida pública. Esse é o modelo ideal.”
Ao voltar-se para o parabrisa, Mantega vê outro cenário:
“Agora, não vivemos o mesmo quadro. Portanto, temos de definir prioridades. Não
se pode esquecer, ainda, que a presidente Dilma deu reajuste de 4,5% a boa
parte do funcionalismo. Isso precisa ficar claro.”
Fonte: Blog do Josias