Cristiane Bonfanti, Luiz Gustavo Schmitt e Cristiane
Jungblut
O Globo - 01/08/2012
BRASÍLIA e RIO - O secretário do Tesouro Nacional, Arno
Augustin, deu um recado claro aos cerca de 350 mil servidores públicos federais
em greve no país. Ao comentar ontem o resultado das contas públicas, disse que
o governo está estudando questões específicas, como os pedidos de reajustes
salariais dos professores das universidades federais, mas que a conjuntura
internacional pede cautela. O governo tenta ganhar tempo nas negociações com os
servidores e adiou para 13 a 17 de agosto as conversas com os líderes da
categoria.
Na avaliação do secretário, frente às dificuldades
financeiras que os países estão enfrentando neste momento, o Brasil não pode
criar brechas que prejudiquem a consolidação fiscal.
- A conjuntura internacional é clara. Precisamos priorizar
os recursos existentes para a retomada de economia - afirmou.
Ele ressaltou que a política de pessoal sempre foi de
equilibrar as carreiras, lembrando que, após crescimento em ritmo acelerado nos
últimos anos, a despesa de pessoal está crescendo abaixo do Produto Interno
Bruto nominal. De janeiro a junho, as despesas com pessoal foram de R$ 89,524
bilhões, contra R$ 87,037 bilhões no primeiro semestre de 2011.
Segundo interlocutores, a área econômica está refazendo as
contas para chegar ao valor para eventuais reajustes. Em ofício enviado às
entidades, o Ministério do Planejamento diz que utilizará as próximas semanas
para "construir soluções" para as demandas.
No Rio, servidores federais grevistas fizeram manifestação
pelo Centro. Eles reivindicam reajuste de 22,8%, fruto da soma da inflação
medida pelo IPCA mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos
três anos. Segundo a Polícia Militar, o ato reuniu 1.200 pessoas. Pelo menos 20
entidades sindicais presentes ao evento protestaram contra o cancelamento das
negociações com o governo federal.
- A expectativa era de que o governo apresentasse hoje as
propostas para atender as nossas reivindicações. No entanto, o governo
simplesmente cancelou todas as negociações - disse o secretário de relações de
trabalho da Central Única dos Trabalhadores do Rio (CUT-RJ), Marcelo Azevedo.