Cristiane Bonfanti
O Globo - 21/08/2012
Funcionários do Incra
rejeitam proposta de reajuste salarial de 15,8%
BRASÍLIA - A queda de braço entre governo e os servidores
federais em greve continua. Ontem, logo depois de os funcionários do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) recusarem a proposta de
reajuste de 15,8%, parcelada em três anos, em negociação no Ministério do
Planejamento, o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, avisou que entrará hoje na Justiça
contra o corte de ponto integral dos grevistas. Por meio de nota, a União das
Carreiras de Estado (UCE) também anunciou que recomendará a rejeição da
proposta em suas assembleias.
Costa disse que, na prévia dos contracheques disponível para
os servidores, o governo já efetuou o corte de 100% nos salários dos grevistas.
Nas contas dos sindicatos, a medida atinge mais de 300 mil trabalhadores em
greve. Para o governo, porém, esse número está entre 70 mil e 80 mil. Costa
disse que, em greves anteriores, o governo descontava, no máximo, sete dias por
mês. O Ministério do Planejamento informou que só negociará o corte do ponto
caso os servidores encerrem a greve.
- O que vamos contestar é esse corte integral. Queremos
negociar o ponto, mas o mínimo que o governo deve manter é o que vinha fazendo
nos anos anteriores. Os trabalhadores têm obrigações, e alguns têm até pensão
alimentícia para pagar. Isso dá cadeia - disse.
No caso do Incra, os servidores querem equiparação com os
salários do quadro do Ministério da Agricultura. Na prática, isso significaria
uma elevação de até 127% nos contracheques dos servidores de nível superior. Os
demais servidores da base da Condsef querem um aumento de até 78%, dado em 2010
a economistas, geólogos, estatísticos, engenheiros e arquitetos, por meio da
lei nº 12.277.
professores voltam às aulas
Apenas os professores começaram a voltar ao trabalho. O
Ministério da Educação divulgou nota informando que os servidores
técnico-administrativos de 16 universidades e institutos federais aceitaram a
proposta do governo de reajuste de 15,78% em três anos, até 2015. O ministro
Aloizio Mercadante disse ter a expectativa de que a nova rodada de assembleias
de professores e técnicos, nos próximos dias, decida pelo fim da greve.
Mercadante tem encontro hoje com reitores da Associação
Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Ele disse que não abrirá mão da reposição das aulas:
- Queremos reposição integral que garanta efetiva qualidade
do ensino. Os professores terão que trabalhar nas férias de verão para
recuperar o tempo perdido. É isso que o MEC vai exigir e acompanhar - afirmou o
ministro.
Na Universidade de Brasília (UnB), onde uma assembleia de
professores aprovou o fim da paralisação na última sexta-feira, docentes
apresentaram ontem abaixo-assinado pedindo nova assembleia para rediscutir o
tema. Eles reclamam que o encontro da semana passada foi convocado com outro
propósito, de modo que, segundo eles, não poderia deliberar sobre o fim da
greve.