João Valadares
Estado de Minas
- 21/04/2013
Estrutura do Ministério das Relações Exteriores no Rio
supera a da Embaixada de Washington, a maior do Brasil no exterior. Em postos
da África e da Ásia não há sequer um embaixador
Brasília – O inchado Escritório de Representação do
Ministério das Relações Exteriores no Rio de Janeiro (Ererio) é a ponta mais
visível do descontrole da gestão de pessoal do Itamaraty. O escritório é o
destino de alguns diplomatas mais antigos oriundos da capital federal, que,
perto da aposentadoria, decidem voltar para casa enquanto não passam para a
inatividade.
São 56 servidores, incluindo quatro embaixadores. “É o descanso dos guerreiros”, ironiza reservadamente um diplomata que trabalha no local. Com exceção da Delegação Permanente do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), que conta com dois embaixadores, todos os outros postos do MRE espalhados pelo mundo possuem apenas um. No momento, há postos na África e na Ásia sem nenhum representante diplomático.
São 56 servidores, incluindo quatro embaixadores. “É o descanso dos guerreiros”, ironiza reservadamente um diplomata que trabalha no local. Com exceção da Delegação Permanente do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), que conta com dois embaixadores, todos os outros postos do MRE espalhados pelo mundo possuem apenas um. No momento, há postos na África e na Ásia sem nenhum representante diplomático.
Em Conacri, capital da Guiné, na África, um conselheiro
comissionado é o encarregado do posto. Já em Baku, capital do Azerbaijão, na
Ásia, é um primeiro-secretário quem faz o papel de embaixador. Os números
mostram o desequilíbrio quando o assunto é lotação de servidores. A Embaixada
do Brasil em Washington, o maior e mais importante posto da diplomacia
brasileira, possui 10 servidores a menos do que o Ererio.
O Consulado-Geral do Brasil em Nova York é o maior posto
consular da rede do Itamaraty. Responde por aproximadamente 1 milhão de
brasileiros, contabilizando residentes e turistas, e emite cerca de 100 mil
documentos por ano. A estrutura é três vezes menor do que o escritório do Rio
de Janeiro. São apenas 18 funcionários.
No Ererio, há embaixador respondendo pela Administração do
Escritório, serviço que, nos postos do exterior, é assumido por
terceiros-secretários e oficiais de chancelaria. Além dos quatro embaixadores,
a estrutura de pessoal conta com dois ministros de segunda classe, três
conselheiros, três segundos-secretários, um terceiro-secretário, 28 oficiais de
chancelaria, sete assistentes de chancelaria e 14 servidores administrativos de
outras carreiras. O palácio onde funciona o Ererio abriga em suas instalações o
Grupo de Trabalho para a Copa, um Centro de Documentação Diplomática e o Museu
Histórico e Diplomático.
O Estado de Minas pediu ao Ministério das Relações
Exteriores, via assessoria de imprensa, informações oficiais a respeito da
estrutura do Ererio, com a lista de nomes e funções de cada funcionário. A
pasta comunicou que não tinha os dados solicitados e afirmou que só seria
possível atender a demanda via lei de acesso à informação.
Déficit Em março, o Itamaraty alegou déficit de funcionários
e pediu autorização do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG)
para a realização de concurso público com o objetivo de contratar 150 oficiais
de chancelaria. O pedido do MRE foi negado. O MPOG alegou que a reclamação “não
possuía os requisitos mínimos para análise técnica”. Em três anos, os gastos
com os novos servidores chegariam a quase R$ 16 milhões.
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