Agência Brasil
- 20/07/2015
A greve nacional dos servidores do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) já dura 14 dias e vem prejudicando o funcionamento das
agências no país. Um balanço da Federação Nacional dos Sindicatos dos
Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps),
indica que 25 estados participam do movimento, com 80% de adesão dos
trabalhadores.
Já a estimativa do Ministério da Previdência Social mostra
que 11,49% dos funcionários aderiram à greve. No total, 45,7% das agências
funcionam com atendimento parcial e 16% estão completamente paradas, segundo o
balanço do ministério.
No estado de São Paulo, 33% das agências funcionam
parcialmente, e 10% estão totalmente paralisadas, de acordo com o último
balanço do Ministério da Previdência Social.
A Agência Brasil visitou duas agências de muito movimento no
centro da cidade, o posto de atendimento Várzea do Carmo, na região do
Glicério, e o posto da Rua Xavier de Toledo, próximo à prefeitura. Ambas
funcionaram hoje (20) parcialmente, atendendo apenas perícias agendadas.
No Glicério, que recebe diariamente 700 pessoas por dias,
havia uma pequena aglomeração de segurados buscando informações na entrada do
prédio. Marcelo Fraga, de 43 anos, é técnico de suporte de informática e teria
perícia agendada para hoje. Após uma cirurgia no joelho, ele descobriu uma
doença degenerativa que deveria afastá-lo do trabalho por tempo indeterminado.
“Enquanto não resolvem meu problema, eu continuo trabalhando.
Disseram que não vão me atender hoje. Pedi uma declaração para dizerem que eu
vim até aqui, mas eles também disseram que não tem como fornecer”, disse ele.
Alfredo Bispo de Oliveira, de 64 anos, é operador de
empilhadeira. Pela quarta vez, ele tenta ser atendido sem sucesso, e recebe a
orientação para remarcar o atendimento. Ele precisa de perícia para passar a
receber o Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência
Social (BPC/Loas). “Eu trabalhei, mas não o suficiente para me aposentar. Vou
ter que entrar com o problema de saúde até sair a aposentadoria”, explica.
No posto da Rua Xavier de Toledo, a professora Eliane
Pinheiro acompanhava a mãe, que precisa também de perícia para receber o
BPC/Loas. “Não estava sabendo da greve, mas como os peritos estão trabalhando,
não nos afetou. Mas mesmo que tivesse afetado, eu apoio a greve, porque é o
único meio que o trabalhador tem de requerer direitos ou de brigar contra a
retirada de direitos”, disse ela.
Os servidores rejeitaram, na última sexta-feira (17), em
assembleia no Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de
São Paulo (Sinsprev), a proposta de reajuste de 21,3%, dividido em quatro anos.
A categoria reivindica reajuste de 27,6% em uma única parcela. Os trabalhadores
pedem também a incorporação de gratificações. Amanhã (21), os trabalhadores
fazem, às 10h, um ato público em frente à Superintendência do INSS na capital.
A orientação do INSS aos segurados é que as datas de
atendimento serão remarcadas pela própria agência. Dúvidas podem ser
esclarecidas pela central do telefone 135.
Em nota, o INSS informou que considerará a data originalmente agendada
como a de entrada do requerimento, "de modo a evitar qualquer prejuízo
financeiro nos benefícios dos segurados".
Em comunicado, o Ministério da Previdência Social informou
"que tem baseado a relação com os servidores no respeito, diálogo e na
compreensão da importância do papel da categoria no reconhecimento dos direitos
da clientela previdenciária e, por isso, mantém as portas abertas às suas
entidades representativas para construção de uma solução que contemple o
interesse de todos."