Portal G1
- 18/11/2016
Departamento médico custo cerca de R$ 100 milhões por ano à
Casa.
Menos de 4% dos municípios gastam mais com saúde do que a
Câmara.
Em contraste com o caos das emergências de hospitais
públicos do país, o departamento médico da Câmara dos Deputados exibe um padrão
de serviço médico de primeiro mundo para deputados e servidores da Casa, com
ambulância e até tomógrafo novinhos.
Apesar de os funcionários da Câmara contarem com plano de
saúde, a Casa gasta, em média, R$ 100 milhões todos os anos para manter o
serviço médico. Para efeito de comparação, menos de 4% dos municípios
brasileiros gastam mais com saúde do que a Câmara.
O atendimento médico para parlamentares e servidores fica
pertinho dos dois maiores hospitais públicos de Brasília. Distante é a
realidade entre a rede pública e o que se encontra no departamento de saúde da
casa legislativa.
Tomógrafo, que no Sistema Único de Saúde tem sido luxo, a
Câmara tem. A Casa pagou R$ 2,5 milhões pelos equipamentos, que foram
instalados no ano passado.
Além disso, os parlamentares têm à disposição uma UTI móvel.
A ambulância, novinha, foi comprada por mais de R$ 134 mil. A Câmara alega que
o veículo é usado no atendimento de deputados, ex-deputados e servidores –
incluindo aposentados e os dependentes.
Levantamento da ONG Contas Abertas aponta várias outras
compras para o departamento de saúde da Câmara, entre os quais aparelho para
medir gordura e kits de exames diversos.
Atendimento médico
O departamento de saúde da Câmara tem 82 médicos de 17
especialidades e mais emergência.
Embora o corpo médico tenha diversos especialistas, os
atendimentos mais comuns são de pressão alta, diarreia, dor de cabeça, infecção
de vias aéras superiores – como nariz e laringe – e infecção do sistema
gastrointestinal. Essas informações são do próprio departamento médico.
Do início do ano até agora, a Câmara gastou R$ 86 milhões
para bancar serviços médicos, odontológicos, exames, aparelhos, equipamentos e
ressarcimento de despesas pagas pelos funcionários. Os servidores, que têm
direito ao atendimento médico dentro da Câmara e podem solicitar ressarcimento
de despesas médicas, têm também plano de saúde.
Em 2015, a casa legislativa gastou mais de R$ 92,5 milhões
para sustentar o sistema de atendimento médico de parlamentares,
ex-parlamentares, funcionários e dependentes.
"Já gastaram perto dos R$ 100 milhões com esse tipo de
atendimento, o que deveria ser o tipo de atendimento para todo tipo de
brasileiro, mas, na prática, não funciona assim", observou o
secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco.
Municípios
Se as despesas anuais da Câmara com o setor de saúde forem
comparadas com os gastos dos municípios, é possível constatar que, das 4.792
prefeituras que informaram ao Tesouro Nacional o que foi repassado para
sustentar o sistema de saúde, somente 180 cidades gastaram mais.
"Acaba acontecendo o seguinte: aquele cidadão que está
sendo mal atendido em seu munícipio, no seu estado, ele acaba pagando para que
alguns, uma casta, tenha atendimento de primeiro mundo. É isso que está
acontecendo", ressaltou Castelo Branco.
O que disse a Câmara
A assessoria da Câmara disse à TV Globo que os gastos com o
departamento de saúde se justificam na medida em que cerca de 18 mil pessoas
circulam diariamente na Casa.
A área médica da Câmara, enfatizou a assessoria, é
responsável pelos atendimentos de casos de emergência registrados nas
dependências da casa legislativa.
Além disso, a ambulância exclusiva da Casa, de acordo com a
assessoria, transporta por mês cerca de 70 pessoas para hospitais da capital
federal.
Com informações do Bom Dia Brasil