sábado, 31 de dezembro de 2016

Especialistas condenam reajustes de servidores autorizados por Temer


BSPF     -     31/12/2016




Reajuste saiu no mesmo dia em que o governo anunciou que vai cortar mais de 4 mil cargos e funções para enxugar a máquina e cortar gastos.

No último dia útil do ano, o Governo Federal concedeu reajuste ao salários de oito categorias de servidores - e surpreendeu economistas especializados em contas públicas. É um momento em que a equipe de ministros da área econômica tenta convencer o país da necessidade de controlar gastos para equilibrar as finanças e tirar o país da crise.

O reajuste saiu no mesmo dia em que o governo anunciou que vai cortar mais de 4 mil cargos e funções para enxugar a máquina e reduzir gastos. Oito carreiras do serviço público federal ganharam aumento: servidores do INSS, Receita Federal, Itamaraty...

Os reajustes serão parcelados até 2019. E só em 2017 vão custar quase R$ 4 bilhões - e R$ 11 bilhões ao final dos três anos do parcelamento.

Com esses últimos reajustes, que já começam a ser pagos em janeiro, o governo concluiu um aumento geral para todas as carreiras de servidores federais do executivo, porque outros aumentos já haviam sido dados ao longo do ano. Os índices de correção variam de 10,5% a 53%.

Aumentos que para o especialista Carlos Eduardo Freitas vão na contramão do que o governo vem exigindo dos estados e de toda sociedade: o corte de gastos.

“Ou a crise fiscal é grave, como diz o governo, ou não é grave, porque, se ela é grave, as medidas severas têm que ser tomadas. Ou seja, este ano de 2016 os servidores públicos federais não deveriam ter tido reajuste nenhum. Reajuste zero para que o Governo Federal tivesse autoridade a demandar dos estados o mesmo comportamento”, aponta o economista.

Ele diz que diante da crise e do desemprego, a situação dos servidores já é privilegiada. Além da estabilidade no emprego, em vários casos eles têm salários maiores do que os pagos pela iniciativa privada.

Pelo site da transparência, o salário base de um auxiliar de gabinete do Ministério da Fazenda é de R$ 5 mil. Uma secretária executiva, que exerce função semelhante, tem um piso salarial de R$ 2,2 mil no Distrito Federal, segundo o sindicato do comércio, e de R$ 1,2 mil no Rio, também segundo o sindicato.

Outro exemplo: um laboratorista, no serviço público federal, tem salário inicial de quase R$ 4 mil de acordo o Ministério do Planejamento. O salário médio para a função, segundo o site Salário BR, na iniciativa privada não chega a R$ 2,3 mil.

Ainda segundo o Ministério do Planejamento, 17% dos servidores ganham mais que de R$ 13 mil por mês.

O especialista em contas públicas Gil Castello Branco também acha que não é hora para dar aumentos. “O servidor público já tem inúmeras vantagens. O seu salário médio é, em geral, superior ao da iniciativa privada. E na iniciativa privada o cidadão está tentando, a duras penas, manter o seu emprego. Enquanto isso, o servidor público tem a estabilidade. Eu acho que nesse momento, só a estabilidade já seria um grande diferencial. Nós estamos vivendo profundas dificuldades com o orçamento para o ano que vem, com déficit superior a R$ 180 bilhões. Não era o momento de estar se concedendo aumentos salariais para servidores públicos”, critica.

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal disse que a negociação do reajuste foi concluída em 2015 e que ele está garantido no orçamento. A Confederação considera as críticas "infundadas" e afirma que o momento de crise não pode prejudicar trabalhadores que estão sem reajuste há três anos.

Fonte: G1 - Jornal Nacional


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