BSPF - 09/06/2018
Depois que o Ministério do Planejamento divulgou, pela
Portaria 143, o horário especial nos órgãos federais para a Copa do Mundo de
Futebol, um movimento inusitado se formou na Esplanada, com servidores
“indignados”, de acordo com entidades sindicais, porque não podem trabalhar
justamente na hora dos jogos da seleção brasileira. O foco da revolta não é a
iniciativa do governo de fechar as portas das repartições. Eles estão de olho
no futuro, pois terão de compensar as horas não trabalhadas até 31 de outubro.
O assunto pode parar na Justiça.
“Em 2014, quando a Copa foi no Brasil, havia a justificativa
de vias interditadas. Agora, na Rússia, não tem sentido impedir a entrada de
ninguém”, explicou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação
Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). Ele já pediu
ao diretor de Relações do Trabalho do Planejamento, Paulo Campolina, para
resolver o impasse. “Esperamos que até terça-feira (12) o ministério nos
apresente uma alternativa”.
Segundo Silva, os servidores estão preocupados com o cenário
nacional e perderam o fascínio pelo uniforme verde-e-amarelo. “Teve muitos
conflitos, em 2013, com aquela camisa. Isso causou uma certa ojeriza nas
pessoas”. De acordo com Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das
Carreiras de Estado (Fonacate), a portaria cometeu o erro grosseiro de impedir
o acesso. “A economia está um caos. Vivemos a maior crise, fiscal, política e
moral da história. Os dias de jogo teriam que ser no máximo ponto facultativo.
Vamos entrar na Justiça pedindo para que se abram as repartições”, enfatizou
Marques.
Consequências
Quem não quer desfrutar da Copa, terá que manter as
atividades, sem assistir as partidas, mesmo no local de trabalho. “Seremos os
primeiros a denunciar casos de descumprimento do código de ética”, alertou
Silva. “Tecnicamente, se ausentar ou ficar diante da televisão é motivo de
processo administrativo”, complementou Marques. Para Juliana Gasperrini, 28
anos, do Ministério de Agricultura, a parada obrigatória vai desorganizar sua
vida. “Por que eu preciso compensar? Cumpro 8 horas de serviço e faço
faculdade. Não tenho condições de complementar depois o expediente”,
justificou.
Mudar as regras, no entanto, não é fácil. O advogado Ricardo
Pereira de Freitas Guimarães, professor da PUC-SP, disse que cabe ao servidor
seguir o que foi estabelecido. “Cada repartição – federal, municipal ou
estadual – tem regramentos que deverão ser obedecidos”. Mariana Machado
Pedroso, do escritório Chenut Oliveira Santiago Sociedade de Advogados,
destacou que, para a minoria que não se interessa pelo evento, “a opção por ir
trabalhar resta prejudicada em razão da alteração do funcionamento dos órgãos”.
Por meio da assessoria de imprensa, o Planejamento informou que “não vai se
manifestar”.
Fonte: Blog do Servidor