Correio Braziliense - 17/07/2013
Com um elefante branco simbolizando a demora do governo em
atender as reivindicações, 500 agentes, escrivães e papiloscopistas marcharam
na Esplanada cobrando a reestruturação das carreiras. Os pedidos custariam R$
500 milhões por ano ao Executivo
Cerca de 500 representantes de agentes, escrivães e
papiloscopistas (EPAs) da Polícia Federal (PF) fizeram ontem uma grande marcha
entre a sede da corporação na capital do país e a Esplanada dos
Ministérios—para intensificar a pressão contra o governo em prol da
reestruturação das carreiras e de melhores condições de trabalho. No Congresso
Nacional, lideranças sindicais participaram da criação da Frente Parlamentar de
Apoio à Reestruturação da PF e lembraram dos pleitos apresentados ao Executivo
no ano passado. O impacto das mudanças pedidas pelos servidores é de R$ 500
milhões por ano.
O cálculo dos custo dos pedidos foi entregue aos ministros
da Justiça, José Eduardo Cardozo, do Planejamento, Miriam Belchior, e da
Fazenda, Guido Mantega. "Esperávamos o retorno em fevereiro. Foi adiado
para março, depois para a sexta-feira passada e nada aconteceu. O governo não
avança. O Planejamento admitiu que as nossas reivindicações são justas, mas há
um nó que não se desfaz", apontou Jones Borges Leal, presidente da Federação
Nacional dos Policiais Federais (Fena-pef). Flávio Werneck, presidente do
sindicato do DF, explicou que o desembolso para a modernização da corporação
não pode ser confundido com gasto.
"A PF não é apenas uma polícia judiciária. Atua no
combate ao tráfico internacional de drogas e a crimes cibernéticos, entre
outros. Merece atualização. Não cabe alegar excesso de gasto com a máquina ou
rombo aos cofres públicos. Pensamentos assim surgem, por exemplo, quando
empréstimos de bancos públicos são desviados para incentivar o consumo
irresponsável ou para salvar milionários (referência a Eike Batista, atualmente
em dificuldades financeiras)", provocou Werneck. Os policiais esperam
ainda reavaliar a lotação apropriada de técnicos em situações estratégicas.
"Um crime cibernético exige profissionalismo, e não um indicado qualquer.
É por essas distorções que, em cada 100 casos investigados, apenas cinco são
concluídos", disse.
Presidente da Frente, o deputado federal Otoniel Lima
(PRB-SP) ressaltou que o trabalho conjunto de políticos e policiais tem como
principal meta renovar a legislação que rege a PF e também as polícias Civil e
Militar e o Corpo de Bombeiros—no caso da Federal, a lei ainda é da época da
ditadura militar. "Ademais, não ficaremos parados em Brasília. Vamos
visitar todos os estados e conhecer as especificidades de cada um",
reforçou. Lima ainda defendeu antigos pleitos da corporação, como uma
remuneração semelhante à dos servidores das carreiras típicas de Estado e o
combate ao assédio moral.
Plano de segurança
A mobilização dos EPAs ontem começou às 9h, na sede da PF,
no Setor de Autarquias Sul, e rumou, por mais de duas horas, para o centro de
Brasília. A marca do protesto era um enorme elefante branco, que simbolizava o
uma Polícia Federal atrasada, explicou Alexandre Sally, diretor parlamentar da
Fenapef. Pacífica, a manifestação ocupou duas das seis faixas do Eixo
Monumental.
Os grupos de diferentes estados apresentaram necessidades
particulares. A presidente do Sindicato dos Policiais do RJ, Valéria Guimarães,
defende um abaixo-assinado, com 100 mil assinaturas, para que as autoridades
estaduais e federais incluam o projeto do plano de segurança— que vem sendo
discutido no Congresso — no pacto federativo resultante dos protestos feitos em
junho. "Vamos combater a corrupção com mais rigor", destacou Valéria.
A manifestação dos EPAs ganhou adesão de outras categorias, como a dos
profissionais administrativos da corporação.
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