BSPF - 29/06/2014
Um legado deixado pela era neoliberal vivida em nosso país,
que é pouco ou nada discutido na academia, é o fenômeno da banalização ou
vulgarização das greves.
Se antes esse importante instrumento de lutas foi
imprescindível até para se evitar a cobrança de mensalidades nas universidades
públicas, na atualidade são deflagradas pelas mais pífias motivações. Exemplo
disso são entidades sindicais importantes como Andes, Fasubra e Sinasefe, que
lideram greves em vários campi universitários e de institutos federais,
opondo-se até à realização da Copa do Mundo no Brasil.
Mais grave ainda é a chamada pauta de reivindicações
extremamente corporativista, desconectada da luta mais geral da classe
trabalhadora e que não reflete a histórica preocupação com a Instituição (ou
até mesmo com os alunos), característica desses sindicatos em um passado não
muito distante. Reivindicações clientelistas são colocadas acima dos interesses
maior da sociedade. Pais de alunos sofrem na pele o balcão de negócios que
virou as remoções e redistribuições de servidores, afetando enormemente a
qualidade de ensino, sem que esses sindicatos demonstrem o mínimo de
preocupação no trato da questão.
Há de se perguntar mais uma vez o que Andes, Sinasefe e
Fasubra querem mesmo negociar além do fim da Copa? Seria o fim do superávit
primário? A redução da jornada de trabalho para 30 horas? A prestação de
serviço aos alunos e à comunidade no Padrão Fifa? A derrota eleitoral de Dilma
na próxima eleição? Tudo isso junto ou pelo menos um desses pontos seria
suficiente?
Existem muitos pleitos justos tais como o aumento do
investimento público para a educação (os 10% do PIB para educação foi aprovado
recentemente), a reestruturação da carreira, a Gratificação de Difícil Lotação,
data-base entre outros apelos que não serão solucionados com essa ou aquela
greve, mas com discussão séria e mobilização permanente de todos os envolvidos...
Leia a íntegra em Negocia, Dilma. Mas o quê?