BSPF - 19/06/2015
Governo reconhece ‘perversa desigualdade de gênero’ nos
postos mais altos de chefia
Brasília – O governo da primeira mulher presidente da
República repete um padrão da iniciativa privada: a pouca participação feminina
nos principais cargos de chefia. Uma pesquisa da Escola Nacional de
Administração Pública (Enap), vinculada ao Ministério do Planejamento, mostra
que, quanto mais importante o cargo de confiança, menor a presença de mulheres.
No topo dos postos de chefia, elas ocupam menos de um quarto das vagas.
Procurado, o próprio governo reconhece que há uma “perversa
desigualdade de gênero” nos cargos de livre nomeação, ou seja, que não exigem
concurso público. No Executivo, 46% dos servidores são mulheres. Esse
percentual é refletido nos cargos de direção e assessoramento mais baixos
(DAS-1, DAS-2 e DAS-3), nos quais o percentual de mulheres é de 45%, 45% e 46%,
respectivamente. Nesses postos, os salários variam de R$ 2,2 mil a R$ 4,7 mil.
No entanto, à medida que o cargo ganha importância, essa
equiparação desaparece, e a diferença cresce bastante. No caso dos DAS-4, com
salários de R$ 8,6 mil, o percentual de mulheres cai para 38%. Ele piora no
DAS-5, com salários de R$ 11,2 mil, que tem apenas 29% de mulheres.
A elite dos cargos de chefia, o DAS-6, com salário de R$ 14
mil, tem apenas 22% de mulheres. O estudo, no entanto, mostra que há 12 anos a
situação era ainda pior, quando apenas 18% das mulheres ocupavam esses postos.
O aumento nestes últimos anos, segundo a Secretaria de
Políticas para as Mulheres, é resultado de uma “política afirmativa de
empoderamento das mulheres”, que incentiva a igualdade de gênero nos espaços de
decisão. “No entanto, é preciso reconhecer que ainda há uma perversa
desigualdade de gênero, mesmo nestes cargos de livre nomeação dos gestores. As
mulheres, apesar de terem em média 12% de escolaridade superior aos homens,
ainda ganham menos. Isto representa os valores da cultura patriarcal e reforça
o nosso maior desafio e compromisso de superá-la”, disse a secretaria.
Fonte: Jornal Diário da Manhã