Blog do Servidor
- 05/04/2016
O vice-presidente executivo da Associação Nacional dos
Servidores da Previdência e Seguridade Social (Anasps), Paulo César Regis de
Souza, afirmou que o governo usou de má fé nas negociações salariais com os
servidores do chamado “carreirão”, que compreende 1,1 milhão de pessoas, 90%
delas lotadas do INSS. O Executivo, lembrou, apresentou uma proposta de aumento
salarial para os próximos quatro anos de 21,3%, enquanto, no apagar das luzes
de 2015 fechou acordo com categorias das carreiras de estado em 27,9% para os
próximos quatro anos.
“Os números são bem diferentes e não se justifica que haja
dois tipos de negociação, uma para servidores de primeira classe e outra para
servidores de segunda classe”, protestou. “Nós, do INSS, não quisemos os 21,3%
porque nos colocaria em situação difícil. Chegamos a aceitar uma proposta do
Ministério do Planejamento de instituição de um gatilho, caso a inflação fosse
superior ao índice de aumento, mas o Ministério não aceitou”.
Paulo César relatou que a Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Seguridade Social (CNTS/ANASPS) optou por aceitar um amento de
10,8% em dois anos, sendo 5,5% em 2016 e 5,0% em 2017, por considerar temerário
fechar por quatro anos, nas bases propostas pelo governo, especialmente depois
do agravamento da situação econômico-financeira do país, em setembro de 2015.
“Naquela altura não se tinha ideia de que o governo estava disposto a conceder
27,9 % para as chamadas carreiras de Estado – 5,5% em 2016, 6,9% em 2017, 6,65%
em 2018 e 6,231% em 2019”.
“A coisa foi decidida, de surpresa, no apagar das luzes de
2015, sendo ostensivo que privilegiou um grupo grande de militares e um grupo
pequeno de civis, em detrimento da massa dos servidores. Uma situação
desconfortável para todos nós”, afirmou Paulo Cesar. Ele lembrou que há ainda
um grupo de servidões de carreiras do Estado em compasso de espera, como os da
Receita Federal, da Polícia Federal, Diplomatas, Médicos Peritos. Além disso,
destacou, houve negociações fora da curva com os servidores do Judiciário.
Paulo César revelou que a Anasps não está satisfeita com o
rumo da negociação. “Acredito que muitas lideranças comeram gato por lebre.
Vamos aguardar os reajustes das carreiras remanescentes, que estão fora de
todos os acordos, para verificar o que faremos. Além do mais, queremos saber
quando o governo pagará o passivo de janeiro a junho deste ano. Temo que venha
uma nova tunga nos servidores, como aconteceu nos anos de 2010 e 2012, quando
não tivemos qualquer aumento”.
‘Sabemos que a situação econômica e financeira do país é
delicada, mas não tão delicada a ponto de impedir o crescimento desmedido das
verbas do fundo partidário que passaram de R$ 313,3 milhões na proposta
orçamentária para R$ 819,1 milhões, três vezes mais, além do que o prometido enxugamento
da máquina ficou no papel. Não se mexeu na redução das funções gratificadas e
dos cargos em comissão, não se reduziram os terceirizados e os temporários, ao
invés de se zerar, foram aumentados. Só no Ministério da Saúde, entraram mais
2.493 temporários no Rio de Janeiro. O governo tem o dever de lealdade com os
seus servidores”, enfatizou.