O Globo - 28/09/2011
Mais de dois mil para 11 ministros
BRASÍLIA. Sob a estrutura do Supremo Tribunal Federal (STF),
um batalhão de seguranças vigia a Corte, seus funcionários, ministros e
familiares. Cerca de 37 para cada um dos 11 magistrados. Os 400 guardiões estão
espalhados na sede e na casa dos ministros em Brasília, bem como em suas
residências fixas, fora da capital federal. Nesse grupo, a massa de trabalho
empregada em contratos terceirizados é composta por pelo menos 120 homens e
mulheres armados.
De recepcionistas, são mais de 230. Ao todo, o STF abriga
quase 1.150 funcionários de fora do quadro. Somados aos 1.123 servidores de
carreira, dos quais quase a metade acumula função gratificada, a folha de
pagamento da Suprema Corte atinge o número de 2.273 pessoas, segundo os dados
disponíveis no site do Supremo.
Ontem, as trincheiras reforçadas do STF provocaram polêmica.
Em artigo publicado no GLOBO, o historiador Marco Antonio Villa afirmou que a
estrutura do STF não se justifica, ainda mais comparada à demora e ao custo do
Judiciário.
"As mazelas do STF têm raízes na crise das instituições
da jovem democracia brasileira. Se os três Poderes da República têm sérios
problemas de funcionamento, é inegável que o Judiciário é o pior deles (...). O
Judiciário é lento, caro, privilegiado e ninguém entende", escreveu Villa.
No artigo, Villa condena a omissão do STF sobre o
assassinato da juíza Patrícia Acioli, em agosto, e descreve como
"chocante" o relatório de gestão da Corte de 2010, que faz parecer
que tudo vai bem na Justiça no Brasil.