Jorge Freitas
Correio Braziliense - 05/07/2012
Planejamento dialoga,
mas não se compromete com grevistas. Só pedidos de saúde e educação estariam em
pauta
O governo vai esticar a corda até onde puder para manter sua
estratégia de dar aos servidores públicos somente o que for possível, sem
comprometer o Orçamento de 2013. Segundo a equipe econômica, caso as
reivindicações das categorias paradas fossem atendidas, os gastos públicos com
folhas de pagamento teriam impacto de mais R$ 92,2 bilhões, valor que
compreenderia as demandas do funcionalismo civil e do militar. Os únicos
pleitos que devem ser atendidos, porém, são os dos setores de educação e saúde,
o que desagrada boa parte dos demais sindicalistas.
O Ministério do Planejamento, responsável pela negociação
com as categorias, permanece irredutível e só deve apresentar propostas no fim
de agosto. O secretário de Trabalho da pasta, Sérgio Mendonça, manteve ontem a
rotina de reuniões com as lideranças dos servidores. A reclamação, porém, é de
que ele não sinaliza soluções. Ontem, liderados pelo deputado Paulo
Rubens(PDT/PB), técnicos administrativos das universidades federais
protocolaram sua pauta de reivindicações. "É um ato político. Temos feito
isso todos os dias, só para pressionar o governo", disse Rubens.
A quarta-feira foi movimentada para os servidores do
Executivo. Uma vigília foi iniciada por representantes da Federação dos
Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra)
em frente ao prédio onde fica a Secretaria do Ministério do Planejamento. Em 22
estados e no Distrito Federal, os cerca de 350 mil servidores que estão de
braços cruzados — segundo dados da Confederação dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef) —promoveram manifestações do Dia Nacional de Lutas.
Representantes dos trabalhadores sem terras e assentados
uniram-se a servidores dos órgãos da agricultura em Brasília para defender o
fortalecimento da política de segurança alimentar dos brasileiros. A
manifestação teve ainda a participação de servidores do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Fundação Nacional
do Índio (Funai). Parte do quadro do próprio Ministério do Planejamento e
funcionários do Arquivo Nacional aderiram ao movimento grevista. A Polícia
Militar estima que cerca de 400 pessoas participaram dos protestos na Esplanada
ontem.
Mais adesões
"Os órgãos vinculados ao Ministério da Cultura, à
Imprensa Nacional e às agências reguladoras devem engrossar o movimento",
garante Sérgio Ronaldo da Silva, do Condsef. As agências iniciaram ontem uma
operação-padrão que deve se estender até 16 de julho, quando será decidido se
haverá uma paralisação total.
O presidente da Associação Nacional dos Servidores Efetivos
das Agências Reguladoras Federais (Aner), Paulo Mendes, disse que a categoria
reivindica correção salarial e também exigência de nível superior para os
concursos que forem abertos. Na manhã de hoje estarão em negociação o Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o Instituto Nacional
de Propriedade Industrial (Inpi).
Fiscalização
prejudicada
De acordo com o presidente do Sinagencias, João Maria
Medeiros, no lugar dos cerca de 30 processos analisados por semana, as agências
se limitarão a menos da metade do quantitativo. O movimento é mais forte no Rio
Grande do Sul, onde a operação realizada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) deve prejudicar a fiscalização de aeroportos e portos e da
fronteira.