sexta-feira, 10 de agosto de 2012

'Não há uso eleitoreiro. É um movimento natural'



O Estado de S. Paulo     -     10/08/2012




Miriam Belchior, ministra do Planejamento

Ministra afirma que governo já tinha avisado aos servidores que não faria proposta de reajuste antes do fim deste mês

O governo não foi intransigente ao deixar as negociações de reajuste salarial dos servidores para a última hora, sustentou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Segundo ela, a presidente Dilma Rousseff queria "olhar a boca do baralho", ou seja, ter uma noção mais clara de como seria o desempenho da economia em 2013 antes de se comprometer com aumentos salariais. Por isso, o diálogo ficou adiado para este mês, quando acaba o prazo para envio de projetos de lei de reajuste ao Congresso.

- Há uso eleitoreiro da greve?
Não acredito. É um movimento natural, visto que a Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelece a data de 31 de agosto para envio de projetos de lei de reajuste a servidores com incidência para o ano seguinte. Tudo o que for mandado depois só valerá para 2014.

- É verdade que a presidente está irritada com a CUT, que mobilizou uma greve geral?
A presidenta não fez comentário a respeito disso. A visão do governo é que o direito de greve é direito do trabalhador, mas ele tem de assumir as consequências.

- Faltou costura política para evitar uma radicalização?
Não acredito, porque nas negociações temos colocado com clareza as dificuldades pelas quais o governo está passando. Outra coisa é se já devíamos ter uma proposta colocada a eles. Mas já tínhamos avisado que não faríamos antes do fim de julho. Qualquer greve que começou antes disso foi precipitação. Precisamos, como a presidenta às vezes fala, olhar a boca do baralho, ou seja, estar mais próximos do ano seguinte para fazermos a proposta.

- Esperava que ficasse tão ruim?
Às vezes, quando estamos no calor do momento, parece que o movimento está grande. Mas em outros momentos também houve muita tensão. No ano passado, tinha greve esta época. Não considero que esteja num patamar tão maior do que esteve em outros momentos.

- Até vaiaram o ministro Gilberto Carvalho. O que achou disso?
Pelo que fiquei sabendo, foram alguns manifestantes que entraram na conferência, que não eram participantes. Cometeram, a meu ver, um excesso. Mas eles têm o direito de se manifestar. O Gilberto Carvalho grandinho e bastante responsável. Ele ouviu, mas também se fez ouvir, como deve ser.


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