BSPF - 11/12/2016
Eles reclamam da falta de diálogo e condenam pontos centrais
do projeto, como a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria
Líderes de entidades representativas de servidores públicos
prometem reagir duramente à reforma da Previdência encaminhada pelo governo ao
Congresso. Caso o Planalto não recue e não negocie alterações nas regras propostas
para aposentadorias e pensões, eles ameaçam até mesmo convocar uma greve geral
envolvendo funcionários dos Três Poderes e das três esferas de governo.
As lideranças são contra pontos centrais da proposta, como a
fixação da idade mínima de 65 anos para requerer a aposentadoria, e a
equiparação de regras para homens e mulheres. Também condenam os prazos
exigidos de contribuição, que vão de um mínimo de 25 anos para ter direito ao
benefício, a 49 anos, para poder receber aposentadoria integral.
Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional Permanente das
Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), disse que os servidores receberam a
proposta com “um misto de revolta e indignação”. De acordo com ele, o topo do
funcionalismo não era contra ajustes na Previdência. “Mas o pacote caiu mal
porque é irreal e veio sem diálogo. Foi construído de maneira autoritária. A
reforma é desumana e desonesta. O governo distorceu números para mostrar um
deficit que não existe e justificar o aumento da idade. Jogou a conta para a
população, sem mexer com as elites”, afirmou Marques.
O Fonacate vai se reunir na próxima terça-feira para avaliar
o texto da proposta encaminhada ao Legislativo. “Vamos preparar emendas ao
projeto e definir formas de reação. Convocaremos as centrais sindicais. Estamos
nos planejando para entrar 2017 com greve geral”, anunciou Rudinei Marques. “A
cada reforma, a situação piora e o rombo nas contas públicas nunca é coberto”,
afirmou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef, que representa 80% do
funcionalismo). Ele lembrou que, nos últimos 20 anos, houve quatro reformas
(PECs 19, 21, 41 e 47). “Todas, sem exceção, prejudicaram os servidores”,
avaliou.
Segundo o secretário-geral da Condsef, o governo desagradou
a todos. “Vamos organizar trincheiras para resistir ao desmonte da Previdência.
Esse ataque terá uma reação unificada dos servidores estaduais, municipais e
federais.” Sérgio Ronaldo e Rudinei Marques afirmaram que a PEC da Previdência
dificilmente será aprovada nos termos em que está redigida. Diversas carreiras
do serviço público farão assembleias na próxima semana para definir os
protestos.
Centrais
As centrais sindicais também se organizam. A Força Sindical
programou atos para janeiro, fevereiro e março de 2017. As primeiras
manifestações serão de aposentados, em 24 de janeiro, em vários estados. No dia
25, deve ocorrer um grande ato na Praça da Sé, em São Paulo. Nas primeiras
semanas de fevereiro, haverá manifestações nas capitais contra a PEC. O
presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o
Paulinho da Força, afirmou que vai apresentar emenda estabelecendo idade mínima
de 60 anos para homens e 58 para mulheres e um regime de transição justo para
todos. A Força também quer uma previdência universal, sem privilégios.
Fonte: Diário de Pernambuco