O Estado de S. Paulo - 16/10/2011
Entidade ligada ao PT arrecadou R$ 36,1 milhões e a Força,
R$ 32,7 mi, mas quase tudo de trabalhador da iniciativa privada
BRASÍLIA - Ligada à
Força Sindical, a CSPB pressiona o Congresso para receber a contribuição
sindical porque entre os funcionários do Executivo o domínio é do sindicalismo
ligado à rival CUT, vinculada ao PT. Os números de 2011 explicam o interesse
dos sindicalistas: a CUT arrecadou R$ 36,1 milhões e a Força, R$ 32,7 milhões,
em contribuição sindical compulsória - quase tudo de trabalhadores da
iniciativa privada.
Quem negociou e obteve aumentos de até 137% para o
funcionalismo em 2008, no governo Lula, foi a Confederação dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal (Condsef). Ligada à CUT - que promete cobrar dos
trabalhadores, quando a lei for aprovada, uma "taxa negocial"
voluntária -, a Condsef faz discurso contra o imposto sindical e critica a
concorrente.
"A CSPB e a Força Sindical não querem largar mão do
dinheiro fácil. Essa confederação (a CSPB) vive de correr atrás da Justiça e do
Ministério do Trabalho aparelhado pelo PDT", diz Sérgio Ronaldo, membro da
diretoria executiva do Condisef.
"A Força Sindical nunca se preocupou com o setor
público, que é a base do PT, mas agora estamos investindo", diz o deputado
Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força. "Não existe
sindicalismo sem dinheiro."
A CSPB diz que seu foco não é o servidor federal, fatia mais
nobre do mercado sindical, e sim o funcionalismo "desprotegido" das
pequenas prefeituras do País. Mas mostra serviço citando números das demandas
judiciais para cobrar o imposto. Contabiliza mais de mil ações em primeira
instância, cerca de 200 em segunda instância e "algumas dezenas" no
Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
João Domingos Gomes dos Santos, presidente da CSPB, protesta
contra as resistências ao recolhimento da contribuição sindical. "Ou é
esta fonte ou vem dinheiro governamental cooptando o movimento sindical. Isto é
que é nocivo", diz Domingos. "Os recursos do imposto sindical são
fundamentais."
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse ao Estado que
"a emissão da certidão e da instrução normativa não tem o condão de
reconhecer uma entidade e sim certificar os elementos que constam do
cadastro". Alegou ainda que, "uma vez pleiteada a representação e
cumpridas todas as exigências legais, cabe ao ministério avaliar apenas as
questões formais para sua concessão".
Indagado sobre as razões que levam o ministério, o PDT e a
Força a promoverem nova ofensiva para recolher o imposto sindical, o ministro
disse que o presidente da CSPB é dirigente da Nova Central Sindical de
Trabalhadores. Domingos já passou pelo PDT, é amigo de Paulinho e atua em
dobradinha com ele na operação montada para recolher o imposto sindical do
funcionalismo. / C.S.