Autor(es): Cristiane Bonfanti
Correio Braziliense
- 06/10/2011
Reabertura de prazo para pedidos de anistia de servidores
desligados pelo governo Collor avança no Senado e pode favorecer até 40 mil
Funcionários públicos demitidos durante o governo Collor
deverão ter uma nova oportunidade para voltar ao quadro de servidores federais.
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado aprovou, ontem,
as emendas da Câmara ao Projeto de Lei nº 372/08, que reabre o prazo para a
apresentação de pedido de anistia pelos que foram desligados durante a reforma
administrativa feita entre 1990 e 1992 pelo então presidente, Fernando Collor.
Nas contas do senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), autor do projeto, ao menos
20 mil pessoas esperam o retorno ao serviço público.
Mas o senador José Pimentel (PT-CE), líder do governo no
Congresso, disse que esse número pode chegar a 40 mil. "É bom lembrar que,
em 2004, quando o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) reabriu o prazo de
readmissão, algo em torno de 15,1 mil pediram anistia. Esses outros 40 mil ou
não tomaram conhecimento ou já foram incorporados em outras atividades da nossa
economia", afirmou Pimentel.
Lobão Filho explicou que criou a proposta ao ser procurado
por uma comissão que representa os demitidos. "São pessoas que foram
desligadas sem explicação, por critérios subjetivos. Muito mais do que uma
simples exoneração, a medida mexeu no seio familiar deles. Muitos alegaram que
não houve publicidade dos prazos. Agora, a injustiça feita à época poderá ser
reconhecida", disse. A proposta deverá ser analisada pelo plenário na
próxima semana. Se aprovada, dependerá apenas da sanção da presidente Dilma
Rousseff.
Ilegalidade
Pelo texto aprovado, a Comissão Especial Interministerial
(CEI) que julga o caso deverá receber, por um período de 180 dias, não apenas
os pedidos de retorno dos servidores que perderam o prazo, como também os de
reconsideração de requerimentos que foram negados. A readmissão será feita com
base na Lei nº 8.878/94, que concedeu anistia aos trabalhadores demitidos
ilegalmente ou por motivação política durante a reforma administrativa do
ex-presidente Collor.
Desde a criação, em 2004, da comissão que trata do assunto,
14 mil pedidos de retorno foram cadastrados. Desses, ao menos 10 mil demitidos
já regressaram ao serviço público. Outros 1.353 haviam sido negados e estão sob
nova análise. Nos cálculos do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no
Distrito Federal (Sindsep-DF), os números são muito maiores. Joalita Queiroz,
diretora de Estudos Sócio-Econômicos e Empresas Públicas da entidade, estima
que ao menos 80 mil pessoas já retornaram ao quadro em 17 anos. "O governo
demitiu 150 mil pessoas totalmente sem critérios. Muitos, porém, não deram
entrada no pedido porque não tinham acesso ao Diário Oficial e não sabiam o que
estava acontecendo", relatou.