Folha de S. Paulo
- 13/12/2011
SÃO PAULO - O governo Dilma Rousseff aceita elevar a
contribuição da União para o futuro fundo de previdência complementar dos
servidores públicos a fim de aprovar o novo modelo de aposentadoria do setor.
Segundo a Folha apurou, acordo negociado com a equipe
econômica prevê que a alíquota a ser paga pelo Tesouro e servidores iria dos
7,5% propostos originalmente pelo governo para 8%.
Líderes aliados envolvidos nas negociações alertaram o
governo da possibilidade de o Congresso tentar aprovar uma alíquota mais alta,
de 8,5%, um percentual defendido por petistas e pedetistas.
Apesar da resistência da área econômica, assessores
presidenciais não descartam que Dilma acabe topando até a alíquota de 8,5% em
troca da garantia de aprovação.
A votação do projeto, que cria o Funpresp (Fundo de
Previdência Complementar do Serviço Público Federal), está agendada para amanhã
na Câmara dos Deputados.
O Ministério da Fazenda era contra elevar a alíquota sob o
argumento de que a economia com o novo modelo de aposentadoria do setor público
seria menor, mas foi levado a ceder diante do risco de inviabilizar sua
aprovação.
Cálculos da Fazenda estimavam uma economia de R$ 20 bilhões
com a previdência do setor público, a partir de 2070, se o Congresso aprovasse
a alíquota original de 7,5%. Os dados para um cenário de 8% não foram
divulgados.
O estudo revela que as despesas da União com servidores
aposentados civis são hoje de 0,45% do PIB e devem atingir 0,70% em 2030. A
partir daí, se o projeto for aprovado, os gastos passariam a cair, sendo
zerados em 2040.
A proposta valerá só para servidores que forem contratados
após a sua aprovação. Ela muda o sistema atual, em que servidores se aposentam
com salário integral com uma contribuição de 11% dos funcionários e de 22% da
União.
No novo modelo, os servidores públicos teriam uma
aposentadoria garantida até o teto de R$ 3.691, similar ao do setor privado,
com a manutenção das contribuições que existem hoje.
Para ganhar um benefício maior, os servidores teriam de
aderir ao futuro fundo de previdência complementar: a contribuição da União e
dos servidores seria calculada sobre o valor do salário que exceder o teto de
R$ 3.691.
O governo aceitou criar dois tipos de aposentadorias
especiais, uma para funções de risco e outra para mulheres. Estas categorias
poderão se aposentar mais cedo, garantindo um benefício igual ao das categorias
que terão de se aposentar mais tarde.