BSPF - 21/10/2013
PF prende servidor do Ministério da Previdência que desviava
resmas de papel para vender no Setor Comercial Sul
A corrupção no poder público brasileiro chegou ao
almoxarifado do Ministério da Previdência Social. A mesma pasta alvo de desvios
de milhões de reais em fraudes passadas é vítima também de ataques a
conta-gotas. A Polícia Federal flagrou, na última quinta-feira, um servidor
público do ministério descarregando caixas de papel ofício de um carro para
serem usados em uma copiadora no Setor Comercial Sul, em Brasília.
A PF ainda não sabe quanto foi desviado, mas a suspeita é de
que, a cada mês, o servidor abastecia um comerciante da capital federal, que
também acabou preso em flagrante na ação da PF. Nessa última remessa, foram
apreendidas 18 caixas de papel, que, segundo a polícia, somam R$ 2 mil em valor
de mercado. A investigação estima que o esquema ocorre há pelo menos cinco
anos.
Os policiais apuram agora se o servidor público e o lojista,
cujos nomes não foram revelados, estavam desviando outros materiais de consumo
do almoxarifado do ministério para que fossem usados na copiadora. A parceria
entre os dois suspeitos incluía, de acordo com a PF, o empréstimo de um carro
do comerciante ao servidor para o transporte do material.
A assessoria do Ministério da Previdência Social disse que
começou a apuração sobre o caso e entrou em contato com a Polícia Federal há
alguns meses. De acordo com a pasta, “a investigação continua para apurar mais
detalhes” e “estão sendo tomadas as providências necessárias para efetuar a
exoneração do servidor público”. Não foi informado o cargo ocupado pelo
funcionário.
Senado
Em setembro, o Correio mostrou um caso semelhante no Poder
Legislativo. O Senado investiga um suposto esquema de furto de tinta de
impressoras por funcionários da Casa. O processo administrativo, que corre em
sigilo, foi aberto depois que terceirizados do Instituto Legislativo Brasileiro
(ILB), órgão de capacitação e pesquisa do Senado, foram encontrados no Centro
Universitário Unieuro, em Brasília, descarregando, de um carro da Casa, caixas
cheias de toners.
O flagrante ocorreu em 29 de janeiro. Os funcionários estariam
vendendo a terceiros os toners comprados pelo Senado. Um policial militar que
passava pelo local achou a cena curiosa e resolveu avisar à PM, que relatou o
fato à Polícia Legislativa do Senado. A sindicância apura desde quando ocorriam
os supostos desvios e está ouvindo funcionário aposentado da Casa. Há indícios
de que o esquema aconteça pelo menos desde 2008 e envolva mais servidores.
O Correio apurou que, só no caso flagrado, havia cerca de
400 toners, avaliados em pelo menos R$ 300 cada. Os dois funcionários
terceirizados que estavam no centro universitário no dia do episódio foram
demitidos pelo Senado. O Centro Universitário Unieuro alega que colaborou com a
polícia legislativa do Senado ao enviar imagens internas da unidade e que não
tem conhecimento de ações ilegais no câmpus da instituição.