BSPF - 09/02/2018
A queda de braço entre várias categorias e setores e o
governo será intensa. O ajuste fiscal, segundo o especialista, passará,
inevitavelmente, por uma proposta de reforma previdenciária mais dura e pelo
corte de benefícios e privilégios para cumprir o teto de gastos e a regra de
ouro, que impede o governo de se endividar para cobrir despesas correntes
O economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) Luiz Guilherme Schymura afirma
que o problema das contas públicas reflete o fato de que, há muitos anos, as
despesas crescem em ritmo mais acelerado do que a receita. “O arsenal de
medidas para financiar a elevação dos dispêndios acabou”, afirmou,
acrescentando que a carga tributária do país é uma das mais altas da América
Latina, e que não há espaço para aumentá-la, como ocorreu entre 1996 e 2005.
O ajuste fiscal, segundo o especialista, passará,
inevitavelmente, por uma proposta de reforma previdenciária mais dura e pelo
corte de benefícios e privilégios para cumprir o teto de gastos e a regra de
ouro, que impede o governo de se endividar para cobrir despesas correntes. A
queda de braço entre várias categorias e setores e o governo será intensa. “As
reformas e o ajuste fiscal podem parecer simples nas planilhas, mas são
extremamente complexos e difíceis do ponto de vista da dinâmica sociopolítica
brasileira. Tempos tumultuados e difíceis se aproximam”, alertou.
Para ter uma ideia do quão crítico é o quadro fiscal,
Schymura diz que olha mais para a evolução da dívida pública líquida em vez da
bruta, porque esses dados foram contaminados pela devolução dos repasses feitos
pelo Tesouro ao Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Essa
operação fez a dívida pública bruta encerrar o ano em 74% do PIB, abaixo dos
74,3% do PIB de novembro.
Já a dívida pública líquida continua crescendo, e passou de
50,7% para 51,6% do PIB, entre novembro e dezembro. A agência Standard &
Poor’s prevê que a dívida líquida chegará a 71,6% do PIB em 2020, um salto de
55% sobre os 46,2% de 2016. “A sensação é que a queda na dívida bruta é apenas
contábil, porque a melhora não está ocorrendo do ponto de vista fiscal”,
alertou. (RH)
Fonte: Blog do Servidor