BSPF - 29/04/2020
Com 72% a mais de casos de contaminação, servidores cobram
respeito. Se arriscando para atender população durante pandemia ou em home
office, categoria segue trabalho árduo enquanto Guedes diz que estão
'assistindo crise com geladeira cheia'
O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a provocar
indignação entre os servidores mostrando todo seu desrespeito ao trabalho da
categoria durante a pandemia. Guedes sugeriu que servidores ficassem pelo menos
durante um ano e meio sem exigir reajuste salarial. Ocorre que há mais de três
anos a maioria dos servidores do Executivo já está com seus salários
congelados. Mas o ministro não parou aí.
Para justificar seu apelo, Guedes
disse que servidores não podem 'ficar em casa trancados com geladeira cheia e
assistindo a crise enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego'. A
postura desrespeitosa de Guedes promove a mesma indignação entre a categoria
quando o ministro comparou servidores a "parasitas". Enquanto isso
servidores se desdobram entre o trabalho em home office e aqueles da linha de
frente onde a contaminação por Covid-19 já aumentou 72%.
A Condsef/Fenadsef alerta para os riscos desse discurso que
não só desrespeita o trabalho de milhões de servidores, como reforça a
narrativa do servidor privilegiado que esse governo quer vender para a
sociedade. "Sabemos que há a intenção de usar a pandemia para forçar a
aprovação de reformas de desmonte do Estado brasileiro que esse governo desde
que teve início está promovendo, atacando servidores e desmontando setores
essenciais para a população", resume Sérgio Ronaldo da Silva,
secretário-geral da entidade. "Continuamos alertando que esse discurso
segue na contramão de tudo que é necessário para que o Brasil possa sair
fortalecido dessa grave crise. Não é atacando servidores e serviços públicos
que Paulo Guedes vai conseguir isso", acrescenta.
Em resposta, a Confederação sugere ao ministro que
interrompa o pagamento de juros da dívida pública, taxe grandes fortunas e
revogue imediatamente a Emenda Constitucional (EC) 95/16, do teto de gastos,
que congela investimentos públicos por 20 anos. "Há outros caminhos. O
ataque aos serviços públicos, podemos assegurar, é o pior deles", pontua o
secretário-geral.
Essencial é todo serviço público
Para debater esses assuntos, a Condsef/Fenadsef promove
nessa quinta-feira, 30, uma live com participação do Diap e do Dieese. O tema
será "Essencial é todo serviço público" que também fará parte de uma
ampla campanha de diálogo com a sociedade. No dia 1o de maio, Dia do Trabalho,
que será histórico, a entidade também vai integrar todas as ações online
promovidas por centrais sindicais, incluindo a CUT. "Nosso objetivo é
ampliar a luta de toda classe trabalhadora e promover o fortalecimento de nossa
unidade nas redes, pois assim que passar o período que nos exige isolamento
social temos que estar preparados a defender nossos direitos", reforçou
Sérgio Ronaldo. "Se já existia uma pressão grande por reformas que atacam o
setor público, vão ampliar os ataques sob pretexto dos efeitos promovidos pela
pandemia. Seguimos na defesa do fortalecimento do Estado e da garantia de
serviços públicos de qualidade para a população brasileira", alerta.
Fonte: Condsef/Fenadsef