BSPF - 16/09/2014
Esta será a quarta paralisação da categoria no ano
Técnicos do Banco Central devem cruzar os braços por 48
horas, a partir da zero hora desta terça-feira, 16/09. Com a paralisação,
ficarão prejudicados os serviços de atendimento ao público e a segurança das
unidades do órgão espalhadas pelo país.
A área mais afetada, no entanto, será a de meio circulante.
“Inclusive, o BC já cancelou o transporte de numerário do Rio de Janeiro para
as demais praças do banco”, avisou o vice-presidente do Sindicato Nacional dos
Técnicos do Banco Central (SintBacen), Willekens Brasil. A previsão da entidade
é que todos os 682 técnicos do órgão que estão na ativa cruzem os braços, a
partir de amanhã.
Esta será a quarta paralisação da categoria no ano. As duas
primeiras ocorreram em abril, mas duraram poucas horas. Em maio, o movimento
cruzou os braços por 24 horas. Agora, a greve será por dois dias ininterruptos,
até a quarta-feira.
Os técnicos pedem a modernização da carreira de técnico, com
ampliação de salários e dos critérios de acesso, como a exigência de concurso
público de nível superior. “Nossa luta é para que o Banco Central tenha o mesmo
tratamento que órgãos como a Receita Federal, a Polícia Federal e a Polícia
Militar, onde só se contrata servidores com nível superior”, avisou o
vice-presidente do SintBacen.
Com a mudança nos critérios de entrada, a categoria pleiteia
também uma ampliação nos vencimentos. Hoje, segundo informou Brasil, o
salário-base de um técnico do BC em fim de carreira é de aproximadamente R$
11,4 mil, aproximadamente 42% do que ganha um analista do banco, com vencimento
médio de R$ 20 mil, também em fim de carreira.
O sindicato pretende elevar esse vencimento para R$ 12,4
mil, o que equivale elevar o salário-base para 62% do valor já recebido pelos
analistas. Trata-se de um pleito antigo. “Em 2004 e, novamente, em 2008 o BC e
o (Ministério do) Planejamento assinaram acordo para modernizar a carreira,
onde já previa essa ampliação, mas os acordos foram descumpridos”, disse
Brasil.
Outra queixa da categoria diz respeito a um suposto desvio
de função entre funcionários, com analistas executando o trabalho de técnicos.
“A Lei 9650, no artigo 5º, transcreve as atribuições dos técnicos, e o que
vemos hoje é que há muitos analistas realizando esses trabalhos, que são de
áreas meio, o que gera, inclusive, desperdício de dinheiro para o BC.”
Cálculos do SintBacen dão conta que o gasto extra devido ao
desvio de função chegaria a R$ 17 milhões, levando em conta apenas o trabalho
realizado na Procuradoria do banco e na área de atendimento ao público. “Foi
feito um trabalho técnico e jurídico, onde se constatou o desperdício de
dinheiro público. É preciso corrigir isso já”, decretou o sindicalista.
Os técnicos já manifestaram intenção de conversar com o
presidente do BC, Alexandre Tombini, que também é servidor de carreira do
órgão. “Já fizemos uma solicitação de audiência com ele. Agora vamos esperar
para ver se ele nos atende”, assinalou.
O BC foi procurado, mas ainda não se manifestou a respeito
da paralisação.
Fonte: Correio Braziliense (Deco Bancillon)