Correio Braziliense
- 26/06/2015
A oferta do governo, de reajuste salarial de 21,3%, em
quatro anos, foi considerada insuficiente pelos representantes dos servidores.
“Com a retórica de não querer que tenhamos perdas, o governo esqueceu o
passado. Esse acordo propõe apenas a inflação daqui para frente, que não
sabemos se isso vai se concretizar, como as previsões feitas em 2012 não se
concretizaram”, reclamou Rogério Marzola, coordenador-geral da Federação de
Técnicos Administrativos das Instituições de Ensino Superior (Fasubra), que falou
pelo conjunto dos servidores públicos federais. “O governo está tentando coibir
greves e protestos, como fez antes. Se aceitarmos um compromisso até 2019, vai
alegar que temos acordo assinado e não poderemos nos manifestar até lá.”
Marzola disse ainda que, além de acenar com um futuro
incerto, a equipe econômica não apresentou sugestões para itens com menor
impacto financeiro, como os benefícios. Os servidores também se sentiram
pressionados pelo secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça. De acordo
com Márcia Uchoa, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos e
Analistas da CGU e do Tesouro Nacional, a intenção foi praticamente impor os
21,3%. “Ele (o secretário) deixou claro que as discussões sobre benefícios só
irão avante se aceitarmos esse percentual”, denunciou. Todas as categorias
levarão os percentuais sugeridos às assembleias gerais.
A mesma proposta foi encaminhada pelo ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, ao presidente do Supremo Tribunal Federal,
Ricardo Lewandowsi, que, em nota, explicou que “informou ao ministro do
Planejamento que não acataria a proposta do Executivo sem antes debatê-la com
representantes dos servidores”. (VB)